‘Ordem explícita de Bolsonaro era fechar a Zona Franca de Manaus’

Revelação é do titular da Suframa, Bosco Saraiva.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 25/02/2025 às 11:26 | Atualizado em: 25/02/2025 às 12:13

O governo Bolsonaro não quis somente dar um golpe de Estado no Brasil. Também mobilizou todas as forças para fechar o polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM).

Sob o comando do ministro da Economia, Paulo Guedes, que providenciou os cortes drásticos do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e com o coronel reservista Alfredo Menezes Júnior, compadre de Bolsonaro plantado para dirigir a Suframa, o plano explícito era acabar com a ZFM.

Isso ocorreu em fevereiro de 2022, quando toda as medidas do governo anterior eram para fechar o polo industrial de Manaus. Por conta disso, muitas empresas já estavam de malas prontas para ir embora do Amazonas. O prazo era até agosto daquele ano.

Essas informações são do atual superintendente da ZFM, Bosco Saraiva.

Na manhã desta terça-feira (25), Saraiva conversou com o G6, grupo formado pelos sites e portais de notícias BNC Amazonas, Amazonas Atual, Portal Único, Portal do Mário Adolfo, Portal do Marcos Santos e Blog do Hiel Levy.

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Avanços na Suframa

Apesar de tocar na ferida deixada por Bolsonaro, nessa entrevista o titular da Suframa trouxe boas notícias:

  • ⁠busca do recorde de empregos, este ano, na ZFM, ante aos 129 mil postos de trabalho em 2024;
  • ⁠modernização dos sistemas de fiscalização dos processos de produção e de gestão;
  • ⁠atualização dos software;
  • ⁠acompanhamento, com visitas in loco, nas fábricas do polo industrial – 112 das 600 indústrias já foram visitadas;
  • ⁠instalação de novas plantas de fábricas;
  • ⁠enfrentamento à corrida tecnológica com os produtos do México e China por meio da tecnologia da indústria 4.0;
  • regularização das terras da Suframa e do Distrito Agropecuário;
  • ⁠implantação de projetos agropecuários em Rio Preto da Eva e outros municípios.

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BR-319

Saraiva também foi questionado pelo G6 se é a favor ou contra a repavimentação da BR-319. O superintendente disse ser favorável à obra, principalmente por conta da integração do Amazonas ao restante do país.

No entanto, fez uma ressalva:

A BR-319 não serve muito aos propósitos da ZFM em termos de escoamento da produção.

Isso porque o transporte fluvial, por meio de navios, balsas e barcaças, é muito mais barato que o transporte por estrada.

“O transporte de carga pela BR-319, por exemplo, serve bem para transporte de insumos de semicondutores, para celulares, nas carretas bitrens. Para os demais produtos, as balsas levam sete dias e transportam 60 contêineres e com custos muito mais baixos”.

Além disso, ele falou das visitas que tem feito aos estados de Rondônia, Roraima, Acre e Amapá, que estão na área de influência da Suframa.

E ainda de política, samba e carnaval.

Foto: BNC Amazonas