Câmara de Manaus cria obstáculos ao trabalho da imprensa

A nova composição da Câmara Municipal de Manaus ainda não completou dois meses de mandato, mas já criou dois problemas de comunicação com o cidadão. O mais recente ocorreu hoje, 24 de fevereiro.

Anteriormente, no primeiro dia da gestão, a direção da Câmara foi criticada por retirar do site institucional a ferramenta que permite ao cidadão acompanhar os gastos dos vereadores. Esse recurso detalha a cota para o exercício da atividade parlamentar, o famigerado “cotão” de R$ 33 mil mensais para despesas de cada um deles.

Além disso, a falta de transparência no uso do dinheiro público também afetou a comunicação.

Agora, uma repórter acusou publicamente o setor de comunicação da Câmara de cercear seu trabalho no espaço público da Casa Legislativa. Um funcionário a abordou e tentou impedir que realizasse sua atividade. Segundo a jornalista, a justificativa recebida da diretoria de comunicação foi “preservar os vereadores de possíveis constrangimentos”. A ordem partiu diretamente do presidente da Câmara.

Em nota, a direção da Casa afirmou que a medida busca “manter a disciplina e o respeito indispensáveis no edifício da Câmara e em suas dependências”. No entanto, garantiu que o objetivo não é cercear o trabalho jornalístico. Ainda assim, determinou que as coberturas devem ocorrer apenas em “cercadinhos” específicos, como a sala de imprensa, áreas delimitadas e a galeria do plenário.

Essa decisão, na prática, cria uma forte “cerca de jurubeba” ao redor dos vereadores. Como resultado, restringe o direito do cidadão-contribuinte de acessar informações jornalísticas sobre as atividades parlamentares.

A direção da Câmara e seu setor de comunicação parecem acreditar que os veículos de mídia se limitarão a divulgar apenas o que interessa aos vereadores. Contudo, os releases divulgados são, em grande parte, duvidosos e pouco informativos.

Comunicação com ruídos

Desde o início desta legislatura, a relação da Câmara com a imprensa e, consequentemente, com o eleitor tem sido marcada por ruídos. As críticas giram, sobretudo, em torno do cerceamento ao acesso da imprensa às atividades parlamentares.

Essa postura contraria o que a diretoria do setor anunciou ao assumir. Na época, prometeu fortalecer o relacionamento entre o Legislativo, a população e a imprensa. Para isso, declarou que investiria em “inovação e profissionalismo para elevar o padrão da comunicação institucional”.

Agora, tudo indica que eram apenas palavras ao vento.

Repúdio da imprensa

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram as atitudes da Câmara Municipal de Manaus. De acordo com as entidades, a direção da Casa cerceia o livre exercício do jornalismo, restringe a liberdade de expressão e impede a comunicação de informações.

Como resultado final, “um claro ataque ao direito fundamental da população à informação”.

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Foto: Câmara Municipal de Manaus