Amazonas: indígena isolado faz contato voluntário em Mamoriá Grande

Funai e Sesai atuam no monitoramento e proteção da região.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 20/02/2025 às 18:24 | Atualizado em: 20/02/2025 às 18:28

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) voltou a realizar ações na região de Mamoriá Grande, nos municípios de Pauini e Lábrea, no sudoeste do Amazonas. Tais ações têm o fim de promover a interação com um indígena isolado contatado recentemente.

O primeiro contato foi realizado de forma voluntária pelo indígena no último dia 12 de fevereiro por volta de 19h. O episódio ocorreu em uma comunidade ribeirinha situada no rio Purus, a cerca de cinco quilômetros da Base de Proteção Etnoambiental Mamoriá Grande.

Desse modo, seguindo o plano de contingência para situações de contato, equipes da Funai e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) se deslocaram da Base de Proteção Etnoambiental Mamoriá Grande até a comunidade onde houve a interação com o indígena isolado.

Isso para realizar o controle sanitário da área e a sensibilização com relação aos cuidados da situação.

Retorno

Após o primeiro contato, o indígena isolado retornou à base de Mamoriá Grande, no dia 14 de fevereiro às 16h, horário de Lábrea.

A equipe da Funai direcionou o indígena a um ambiente seguro, com o mínimo de interações e com as medidas sanitárias adequadas.

Já a Secretária de Saúde Indígena realizou avaliação clínica do indígena, que descansou e pernoitou no local.

Porém, na manhã seguinte, dia 15 de fevereiro, demonstrando que gostaria de retornar aos seus locais de uso, servidores da Funai acompanharam o indígena floresta adentro, até uma distância segura, de modo a evitar outras interações.

Controle sanitário

Como forma de realizar o controle sanitário no entorno do avistamento, as equipes da Secretaria de Saúde Indígena realizaram a testagem para Covid-19 da população local, avaliações clínicas e identificação de falhas de cobertura vacinal.

Não houve casos positivos nos testes. As pessoas que apresentaram queixas foram devidamente tratadas e orientadas. Está em planejamento uma ação de imunização para a regularização da cobertura vacinal na região.

“Funai e Sesai seguem de prontidão, realizando o monitoramento contínuo da situação, com suas equipes permanentemente em campo, e com o apoio das instâncias regionais e nacionais de atuação”, informam os órgãos de proteção indígena.

Restrição de uso

Em 11 de dezembro de 2024, foi publicada a portaria de restrição de uso referente à área de Mamoriá Grande. A medida foi para proteger os povos indígenas isolados da região, cuja presença foi oficialmente confirmada pela Funai em 2021.

A área de Mamoriá Grande, além de abrigar esses grupos vulneráveis, apresenta cerca de 20% de sobreposição com a Reserva Extrativista (Resex) Médio Purus.

A proposta de interdição é resultado dos trabalhos de localização e monitoramento de povos indígenas isolados, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Madeira Purus (FPW MadPur).

Dessa forma, a interdição de Mamoriá Grande contou também com apoio dos moradores da reserva extrativista e se baseou no plano de manejo da reserva a fim de garantir o menor impacto na população local e proteger os povos isolados.

Até o momento, a Funai já implementou duas Bases de Proteção Etnoambiental na região para monitorar e proteger o território.

Ameaças

Segundo a Funai, a área de Mamoriá Grande enfrenta uma série de desafios, por isso, foi necessária a interdição legal.

Entre as principais ameaças estão a especulação fundiária, os conflitos locais, ameaças aos moradores da reserva extrativista Médio Purus contra indígenas e servidores da Funai.

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“Portanto, a interdição de Mamoriá Grande, impede a exploração de recursos naturais e restringe o acesso de terceiros à área. A medida visa salvaguardar a vida dos indígenas isolados, extremamente vulneráveis a pressões externas e impactos ambientais”, afirma nota da Funai.

*Com informações da Funai

Foto: divulgação Funai/Sesai