CNJ permite uso de IA pelo Judiciário, mas diz que ninguém será julgado por robô
"É importante destacar que ninguém vai ser julgado por robô", garante conselheiro.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 19/02/2025 às 16:08 | Atualizado em: 19/02/2025 às 16:10
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou na terça-feira (18) o uso de inteligência artificial (IA) pelo Poder Judiciário.
Inclusive a previsão de que minutas de decisões judiciais possam ser escritas por meio de ferramentas de IA generativa.
Uma vez escritas, tais minutas devem receber “interpretação, verificação e revisão por parte do magistrado”, segundo a resolução recém-aprovada.
Ainda que a redação possa ser gerada artificialmente, o juiz à frente do processo “permanecerá integralmente responsável pelas decisões tomadas e pelas informações nelas contidas”.
“É importante destacar que ninguém vai ser julgado por robô”, garante o conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, que supervisionou a produção da norma.
Leia mais
MP-AM vai usar inteligência artificial nas eleições na capital e interior
Entre as prioridades:
- “mitigar e prevenir vieses discriminatórios”, sendo vedado o emprego de IA, por exemplo, “
- que classifiquem ou ranqueiem pessoas naturais, com base no seu comportamento ou situação social”
- ou “que valorem traços da personalidade, características ou comportamentos de pessoas naturais ou de grupos de pessoas naturais, para fins de avaliar ou prever o cometimento de crimes”.
A nova norma é resultado de um grupo de trabalho criado no ano passado pelo CNJ para discutir o uso da IA nos tribunais brasileiros.
Ao mesmo tempo atualizou uma primeira resolução sobre o tema, publicada em 2020, e que não trazia nenhuma menção à possibilidade de redação de decisões judiciais com o uso de IA.
Segundo a própria resolução do CNJ, “se faz necessário atualizar esse normativo para abarcar novas tecnologias, em especial aquelas conhecidas como inteligências artificiais generativas”.
O regulamento define a IA generativa como qualquer sistema “especificamente destinado a gerar ou modificar significativamente, com diferentes níveis de autonomia, texto, imagens, áudio, vídeo ou código de software”.
Leia mais
Amazonas aposenta Sisreg e lança programa com inteligência artificial
Ferramentas
São as ferramentas do tipo chatbot, capazes de simular conversas e gerar textos similares aos escritos por humanos, tendo como base o processamento massivo de grandes quantidades de dados.
Entre as ferramentas mais famosas do tipo estão o ChatGPT, da empresa estadunidense OpenIA, e a DeepSeek, desenvolvida na China.
A norma do CNJ prevê, contudo, que chatbots próprios possam ser desenvolvidos, treinados e implementados pelos próprios tribunais
Dessa maneira, utilizando as bases de dados e levando em consideração as especificidades de cada instituição.
Leia mais em Agência Brasil.