Golpe de Bolsonaro: joias, dinheiro em caixa de vinho e pressão de aliados

Delação de Mauro Cid revela repasses ilegais, bastidores da trama golpista e racha entre filhos do ex-presidente.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 19/02/2025 às 15:28 | Atualizado em: 19/02/2025 às 16:02

O sigilo da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi quebrado nesta quarta-feira (19) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Cid detalhou a trama golpista, a venda de joias sauditas e o uso de dinheiro em caixas de vinho para financiar ações ilegais.

Cid revelou que repassou US$ 78 mil (R$ 445 mil) a Bolsonaro, provenientes da venda de joias recebidas da Arábia Saudita. Os valores foram entregues em quatro ocasiões, incluindo repasses feitos por seu pai, o general Mauro Lourena Cid, e pelo assessor Osmar Crivelatti.

Ele afirmou que Bolsonaro liderou uma organização criminosa para derrubar a democracia e impedir a posse de Lula. Além disso, ele participou de reuniões com militares, mas disse não ter envolvimento direto em planejamentos detalhados. Por outro lado, Bolsonaro também ordenou o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes.

Enquanto isso, Flávio Bolsonaro defendia que o pai aceitasse a derrota e liderasse a oposição, ao passo que Eduardo Bolsonaro pressionava por um golpe. Juntamente com eles, Michelle Bolsonaro, Onyx Lorenzoni e Felipe Martins também integravam o grupo radical.

Posteriormente, Cid recebeu dinheiro vivo do general Braga Netto, entregue em uma caixa de vinho no Palácio da Alvorada, para financiar ações golpistas. Em seguida, o valor foi repassado a Rafael Martins de Oliveira, um dos articuladores do plano.

Após iniciar a delação, Cid sofreu pressões de Braga Netto e do advogado Fábio Wajngarten, que buscavam informações sobre seus depoimentos.

“Meu mundo era Bolsonaro”

O ex-ajudante de ordens afirmou que seu “mundo” girava em torno de Bolsonaro, mas negou participação em planejamentos detalhados do golpe.

Cid firmou um acordo com a Polícia Federal, pedindo redução de pena, devolução de bens e proteção para sua família. O STF alertou que os benefícios dependem da confirmação das informações.

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A matéria é do G1. Leia na íntegra.

Foto: reprodução/redes sociais