Cúpula dos povos vai de barco à COP-30
Grupo partirá de Manaus e se juntará a outras pessoas de todo o Brasil em Belém

Neuton Correa
Publicado em: 15/02/2025 às 11:11 | Atualizado em: 15/02/2025 às 11:43
Ao menos trezentas pessoas seguirão a caravana da Cúpula dos Povos. Essa marcha partirá de Manaus (AM) e se juntará a outras de todo o Brasil em Belém (PA), para acompanhar a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP-30), em novembro.
“O principal objetivo da COP-30 é vender projetos e ganhar dinheiro em nome da Amazônia e das suas populações”, avalia a militante social Socorro Papoula. Socorro representa a Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB), uma das organizações do movimento popular que mobiliza críticos da COP-30.
Detalhes da viagem ainda serão definidos em reunião de entidades sociais interessadas no evento, marcada para a próxima terça-feira, às 16h, na sede do Sares.
Papoula disse que a viagem de barco, durante cinco dias e cinco noites, é a opção mais barata para levar mais pessoas que se contrapõem aos termos da COP-30 até Belém. “Outros lugares do Brasil irão por estrada. Aqui, a nossa estrada é o rio”, explica Papoula.
A proposta em andamento entre as instituições é a contratação de um barco com capacidade acima de 300 pessoas. O espaço é para reuniões, porque, durante a viagem, acontecerão oficinas e debates sobre os temas da COP-30 que afetam às populações amazônicas.
Foz do Amazonas
Uma das questões que elevará a temperatura das discussões ao redor da COP-30 será a disposição do governo Lula de autorizar a pesquisa, pela Petrobras, sobre o anunciado campo petrolífero da foz do rio Amazonas.
Constitui-se, para as instituições de defesa dos povos amazônicos, absurdo do governo brasileiro, enquanto principal patrocinador da Cúpula de Mudanças Climáticas. Isso porque a queima de combustíveis fósseis é um dos principais fatores responsáveis pela destruição da camada de ozônio que protege a atmosfera terrestre do excesso de raios ultravioletas.
Aquecimento global
Os atuais níveis de aquecimento climático, segundo climatologistas, são os responsáveis pelo aquecimento global e pelo surgimento de eventos extremos. Podem-se citar grandes secas e vazantes, incêndios e furacões por todo o planeta.
Balbina
Papoula lembra que a hidrelétrica de Balbina. A obra, da década de 1970, no município amazonense de Presidente Figueiredo, “foi vendida” como solução energética para a cidade de Manaus. Mas, no final das contas, produz apenas 112 MW de geração, ou seja, 10,5% dos mais 1.100 MW exigidos por Manaus.
“Balbina destruiu quilômetros de florestas, por inundação, matou e descolou o povo indígena Waimiri-Atroari, para as suas terras mais altas”, explicou. Na construção da BR 174 e da Hidrelétrica de Balbina, milhares de indígenas foram assassinados na defesa das suas terras.
Novos projetos
As entidades sociais representantes de povos amazônicos, entre eles, ribeirinhas, quilombolas e povos indígenas, questionam a legitimidade da COP-30 em tentar oferecer soluções para a crise climática sem ouvir as populações locais.
“O debate com a sociedade civil organizada inexiste”, afirma a militante.
Os principais interessados na condução da COP-30 e seus desdobramentos em termos de acordos são países atentos às tendências econômicas diante das prováveis mudanças nas matrizes energéticas.
A Amazônia, por sua vez, atrai megaprojetos que prometem economia sustentável, monitoramento, mitigação e melhoria da qualidade de vida das suas populações. “Novamente!”, define Papoula.
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Arte: Gilmal