Amazônia tem desmatamento duas vezes menor que o Cerrado

O desmatamento no Cerrado caiu 33% em 2024, mas ainda supera o da Amazônia. Diferenças na legislação e políticas ambientais impactam a preservação dos biomas.

Diamantino Junior

Publicado em: 06/02/2025 às 18:12 | Atualizado em: 06/02/2025 às 18:12

A Floresta Amazônica registrou em 2024 um desmatamento de 380 mil hectares, cerca de duas vezes menos do que no Cerrado. A área desmatada no bioma totalizou 712 mil hectares de vegetação nativa perdida, o equivalente a uma área maior do que o Distrito Federal. Segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), houve uma queda de 33% na supressão vegetal em relação ao ano anterior (2023).

A diferença entre os biomas levanta questionamentos sobre as políticas ambientais aplicadas em cada região e os desafios que ainda persistem para garantir a preservação das áreas naturais.

Políticas ambientais e impacto na preservação

Um dos fatores que influenciam diretamente a diferença nos índices de desmatamento entre os dois biomas é a legislação vigente.

No Cerrado, 62% da vegetação nativa está dentro de propriedades rurais privadas, onde o Código Florestal permite o desmatamento de até 80% da área total.

Na Amazônia Legal, por sua vez, a lei é mais restritiva, permitindo a supressão de apenas 20% da vegetação em propriedades privadas.

Essa permissividade no Cerrado facilita a expansão da fronteira agropecuária, especialmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que concentrou 82% do desmatamento do bioma em 2024. O Maranhão lidera o ranking, com 225 mil hectares desmatados, seguido por Tocantins (171 mil hectares), Piauí (114 mil hectares) e Bahia (72 mil hectares).

Amazônia: desafios e ameaças

Embora os números do desmatamento na Amazônia sejam menores em comparação com o Cerrado, os desafios para a preservação do bioma ainda são enormes.

O desmatamento e as queimadas seguem ameaçando a biodiversidade e os modos de vida das populações tradicionais, além de contribuírem para as mudanças climáticas globais.

O monitoramento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo SAD Cerrado tem sido fundamental para acompanhar a dinâmica do desmatamento e subsidiar políticas públicas de controle. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de ampliar os instrumentos de preservação, incluindo incentivos econômicos para a conservação e maior rigor na fiscalização ambiental.

Caminhos para um futuro mais sustentável

Diante dos dados apresentados, fica evidente que, apesar da redução do desmatamento no Cerrado, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a proteção desse bioma.

A Floresta Amazônica, mesmo com números menores de supressão vegetal, continua sob ameaça e exige ações mais efetivas de combate ao desmatamento ilegal e incentivo às práticas sustentáveis.

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Redução histórica do desmatamento na Amazônia

A preservação dos biomas brasileiros é um desafio coletivo que demanda o envolvimento do setor público, privado e da sociedade civil.

Medidas como a criação de novas áreas protegidas, incentivo à agricultura sustentável e fortalecimento da fiscalização são essenciais para garantir a manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade no Brasil.

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Foto: Gilvandro Furtado/Flickr Agência Brasil