Ministra da Saúde vai conhecer ‘hospital flutuante’ em visita ao Amazonas
Nísia Trindade visitará o Barco Hospital São João XXIII no Amazonas, iniciativa da Igreja Católica e MPT.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 29/01/2025 às 18:12 | Atualizado em: 29/01/2025 às 18:19
O governador Wilson Lima recebeu informação do Ministério da Saúde que a ministra Nísia Trindade estará no Amazonas no próximo dia 5 de fevereiro. Entre os compromissos pré-agendados está um encontro com representantes do governo estadual e os prefeitos do interior.
Embora a agenda oficial de Nísia Trindade esteja em fase de construção, com as ações, projetos e recursos a serem anunciados ao setor de saúde, como informou o ministério ao BNC Amazonas, pelo menos um projeto do Amazonas será apresentado à ministra.

Trata-se do Barco Hospital São João XXIII, uma iniciativa da comunidade católica Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, em parceria com o Ministério Público do Trabalho do Amazonas.
O Barco Hospital São João XXIII realizou sua primeira expedição de atendimento em saúde entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2024. Percorreu as comunidades Xiborena, Marchantaria e adjacências, em Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus). A ação foi realizada em parceria com o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).
“A gente está em um movimento, aqui no Amazonas, para fazer com que o ministério reconheça essa modalidade de atuação, na área de saúde, e faça também com que esses serviços façam parte do SUS (Sistema Único de Saúde). Que eles possam ser pagos pelo sistema também”, explicou o governador Wilson Lima.
Idealizadores
O barco João XXIII é uma parceria da Igreja Católica com Ministério Público do Trabalho do Amazonas. Os recursos, entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões, vêm de multas aplicadas pelos procuradores trabalhistas a empresas estaduais. Daí, fizeram a doação desses valores para a implementação do projeto.
Além do Ministério Público do Trabalho, o Governo do Amazonas também entrou na parceria do hospital flutuante. Dessa forma, disponibilizou cerca de R$ 10 milhões para viabilizar o projeto.
Além disso, a Secretária Estadual de Saúde oferece assistência técnica, orientação profissional e está incluído na política pública de saúde. Já o MPT faz a coordenação, gestão e monitoramento do projeto. No entanto, sua manutenção é feita de forma voluntária.
Estrutura
Assim, o barco João XXIII tem a estrutura de um hospital em terra firme, com salas de cirurgias para realização de pequenos procedimentos, sala de recuperação anestésica e consultório odontológico.
Na primeira expedição, segundo a secretária da SES-AM, Nayara Maksoud, ocorreram cerca de 425 atendimentos, entre consultas médicas, exames e cirurgias geral de média complexidade.
Ainda, segundo a secretária de saúde, o barco cumpre o papel de reforçar a disponibilidade de serviços de saúde na rede pública, ampliando o alcance e facilitando o acesso para as comunidades rurais e indígenas.
Atendimento
Para receber o atendimento, os interessados devem comparecer ao local munidos com o cartão do SUS ou qualquer documento de identificação pessoal. Após a triagem, serão encaminhados para o serviço desejado. Entre as especialidades médicas disponíveis estão clínico-geral, dermatologista, dentista, ginecologista, oftalmologista e pediatra.
Na embarcação também é possível realizar exames laboratoriais, raio-X, mamografia, ultrassonografia e eletrocardiograma, além da dispensação de medicamentos e vacinação. A unidade fluvial também conta o apoio de duas “ambulanchas” (ambulâncias aquáticas) para a realização transferências, caso necessário.
Reconhecimento pelo SUS
Em funcionamento há 45 dias, o hospital flutuante ainda não é reconhecido pelo Ministério da Saúde. Por isso, o governador Wilson Lima vai propor à ministra Nísia Andrade, quando estiver em Manaus, no dia 5 de fevereiro, que o projeto seja incluído no SUS para receber recursos federais.
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“Essa é uma modalidade inédita no catálogo de serviços, que são contemplados pelo SUS. A nossa ideia é fazer com que haja um reconhecimento dessa modalidade, por parte do Ministério, que prioriza a atenção básica”, finalizou Wilson Lima.
Fotos: Evandro Seixas/SES-AM