AM realiza pela 1ª vez cirurgia de redesignação sexual em trans e indígenas intersexo
Mutirão de cirurgias atendeu 22 pacientes pelo SUS, no HUGV da Ufam.

Ednilson Maciel, da redação do BNC Amazonas
Publicado em: 29/01/2025 às 05:56 | Atualizado em: 29/01/2025 às 05:58
Um fato histórico para o Amazonas foi a realização cirurgia de redesignação sexual em trans e indígenas intersexo em 22 pacientes que participaram do mutirão de cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme a Folha de S.Paulo, a estudante de odontologia Emy Rigonatty, 26, realizou, em agosto do último ano, a cirurgia de redesignação sexual, para que haja uma concordância entre o gênero de reconhecimento e os órgãos sexuais.
“Nunca houve esse tipo de cirurgia em pessoas trans e intersexo no estado, e eu fui uma das escolhidas, dentre centenas de meninas que estavam à espera da cirurgia pelo SUS, então sou imensamente grata por essa oportunidade”, disse a estudante.
Segundo a Folha, o evento ocorreu de 27 a 31 de agosto e teve a organização do HUGV-UFAM (Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas) e pelo Ministérios da Saúde.
Além de contar com apoio da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Trata-se de uma empresa vinculada ao Ministério da Educação e responsável por gerir os 40 hospitais universitários federais do Brasil e também da Sociedade Brasileira de Urologia.
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Indígenas
Além disso, dentre os pacientes atendidos na ocasião havia também três indígenas intersexo. Ou seja, pessoas com mutações nos cromossomos sexuais. Elas apresentam características tanto masculinas quanto femininas, como testículos e vagina
Com isso, o atendimento ajudou também a garantir o reconhecimento de gênero nesta população muitas vezes invisibilizada.
Assim, de acordo com os organizadores, a demanda no estado e em toda a região Norte era alta, mas sem um centro capacitado para realizar os procedimentos.
Nesse sentido, muitos pacientes solicitavam um tratamento fora de domicílio (TDF), o que implica, muitas vezes, em custos de deslocamento e também riscos relacionados à recuperação.
“Percebemos a demanda inicialmente por meio da telemedicina, que foi quando detectamos essas pessoas, principalmente intersexo, em condições adversas”, afirma a mastologista e chefe da divisão médica do HUGV/Ebserh, Conceição Crozara.
“Eu não sabia que existiam tantas pessoas carecendo dessas cirurgias, e ninguém sabia, porque é uma lista invisível”, diz ela, se referindo ao histórico de violência e de vulnerabilidade da população LGBTQIA+ na região.
Portanto, os pacientes atendidos já eram usuários do Ambulatório de Diversidade Sexual e de Gêneros da Policlínica Codajás.
Lá recebiam um atendimento multiprofissional, com ginecologista, mastologista, urologista, psicológos, psiquiatras e fonoaudiólogos, dentre outros.
“O último levantamento já contava com mais de 900 pacientes trans e intersexo em acompanhamento”, afirma a médica. Passados cinco meses, o índice de satisfação foi muito elevado, conta.
Leia mais em Folha de S.Paulo.
Foto: divulgação