Especialistas divergem sobre impacto da IA chinesa DeepSeek

O modelo da China rivaliza com gigantes americanos da IA, mas especialistas apontam limitações técnicas e questionam alegações do impacto global.

Diamantino Junior

Publicado em: 28/01/2025 às 15:16 | Atualizado em: 28/01/2025 às 15:16

O lançamento do modelo DeepSeek pela China tem gerado intensa discussão no mercado de inteligência artificial (IA), evidenciando o potencial do país em rivalizar com gigantes do setor nos Estados Unidos da América (EUA). Descrito como um dos avanços mais impressionantes já vistos, segundo o investidor Andreessen, o DeepSeek também é considerado um “alerta” para os Estados Unidos, conforme Alexandr Wang, CEO da Scale AI. Apesar disso, analistas apontam limitações e questionam o impacto global do modelo.

Inovações e desafios técnicos

Embora o DeepSeek tenha demonstrado desempenho comparável aos modelos americanos, como o ChatGPT, há ressalvas.

Carlos Souza, diretor do ITS-RIO, destaca que a tecnologia não consegue extrair informações visuais nem realizar raciocínios baseados em imagens — recursos presentes em sistemas como ChatGPT e Grok.

Isso indica que, embora inovador, o modelo ainda não alcança a versatilidade de suas contrapartes ocidentais.

Estratégia Chinesa

Evandro Barros, da Data-H, observa que a eficiência chinesa em criar modelos avançados com menos recursos pode abrir caminho para novas potências emergirem no mercado de IA.

“Se laboratórios da Europa ou América Latina atingirem resultados semelhantes, o equilíbrio de poder no setor poderá mudar drasticamente”, avalia.

Essa perspectiva também implica uma possível desvalorização das empresas que atualmente dominam o setor, como OpenAI e Google.

Reação

Apesar da empolgação, analistas permanecem céticos sobre algumas alegações envolvendo o DeepSeek. Stacy Rasgon, da consultoria Bernstein, questiona a veracidade dos números apresentados e sugere que o impacto pode ter sido superestimado. Segundo Rasgon, “os modelos da DeepSeek são fantásticos, mas não milagrosos”, minimizando as expectativas em torno da iniciativa chinesa.

Supremacia tecnológica até 2030

A China, que estabeleceu a meta de liderar globalmente a tecnologia até 2030, mostra com o DeepSeek que está avançando nesse objetivo. Embora o modelo não represente uma virada imediata, é um sinal de que o país está investindo em IA de forma estratégica. “O relógio já está correndo para a segunda metade da década”, alerta Souza, indicando que a disputa pelo domínio do setor deve se intensificar.

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O DeepSeek posiciona a China como um player relevante na corrida pela supremacia em IA, mesmo diante de questionamentos técnicos e ceticismo no mercado. Sua capacidade de impulsionar inovação com recursos limitados sugere mudanças potenciais no equilíbrio global do setor. Contudo, a supremacia tecnológica ainda depende de avanços que superem os modelos ocidentais em amplitude e capacidade.

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Foto: divulgação