Queda do dólar acontece após intervenções do Banco Central

Baixa foi influenciado pela alta da Selic no Brasil e políticas comerciais nos EUA. O movimento reforça incertezas sobre a valorização do real.

Diamantino Junior

Publicado em: 22/01/2025 às 17:15 | Atualizado em: 22/01/2025 às 17:15

A cotação do dólar fechou esta quarta-feira (22/1) abaixo dos R$ 6 pela primeira vez desde dezembro do ano passado, marcando R$ 5,946, uma queda de 1,4%. O movimento acompanha uma tendência de baixa observada nas últimas sessões e reflete uma confluência de fatores domésticos e internacionais.

A retração do dólar ocorre em um cenário de intervenções do Banco Central (BC) no mercado cambial, além de condições externas que têm impactado o comportamento da moeda.

Desde a última vez em que a cotação ficou abaixo de R$ 6, em 11 de dezembro, a moeda atingiu recordes históricos, chegando a R$ 6,267, mas enfrentou correções subsequentes.

A alta da taxa Selic no Brasil, atualmente em um patamar elevado, tem contribuído para a valorização do real frente ao dólar. O economista André Perfeito aponta que essa elevação tem tornado os ativos brasileiros mais atraentes para investidores internacionais, resultando em maior entrada de capital estrangeiro no país.

No âmbito internacional, a promessa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar importações de diversos países gerou uma reprecificação de ativos nos mercados globais.

Embora as ameaças ainda estejam em fase de avaliação, essa postura protecionista tem enfraquecido o dólar globalmente, beneficiando moedas de economias emergentes, como o real brasileiro.

Simone Deos, conselheira do Corecon-SP, destaca que o mercado está ajustando suas expectativas ao perceber que as tarifas prometidas podem ser implementadas de forma gradual. Esse cenário contribui para a volatilidade do dólar, com reflexos diretos na cotação da moeda no Brasil.

O dólar turismo, que reflete o custo da moeda para viajantes, também registrou baixa significativa, sendo vendido a R$ 6,181, um recuo de 1,54%. Essa redução acompanha a dinâmica do dólar comercial, trazendo alívio para aqueles que planejam viagens ao exterior.

Perspectivas e incertezas

Apesar da atual desvalorização, a continuidade dessa tendência é incerta. Economistas apontam que o patamar de R$ 6 pode ser um ponto de gravidade para o dólar, mas fatores como o desempenho econômico global, decisões do Federal Reserve e políticas do governo brasileiro serão determinantes para os próximos movimentos.

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Além disso, o fortalecimento do real depende de avanços estruturais, como o controle fiscal e a manutenção de uma política monetária robusta. Embora o cenário atual ofereça um alívio temporário, a trajetória cambial no médio prazo segue envolta em incertezas.

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Foto: banco de imagens