O convite falso e o orgulho de mentir
Com orgulho, Bolsonaro e sua família mentem e propagam mentiras sem o menor constrangimento. É o que afirma o sociólogo Aldenor Ferreira. Leia em seu artigo semanal

Ednilson Maciel, por Aldenor Ferreira*
Publicado em: 18/01/2025 às 01:00 | Atualizado em: 18/01/2025 às 01:00
O Brasil vive hoje o apogeu daquilo que estudiosos de vários campos do conhecimento definem como a era da pós-verdade. Trata-se de um momento em que a mentira, sempre condenada em todas as sociedades, culturas e religiões, passou a ser naturalizada e aceita com orgulho por uma parte considerada de sua população.
Nesse ambiente de dissonância cognitiva, conceito desenvolvido pelo psicólogo estadunidense Leon Festinger, a cada dia são proferidos discursos desonestos, marcadamente falsos, violentos e fantasiosos. A sociedade política, que sempre operou no limite entre a verdade e a mentira, tornou-se o ambiente perfeito para a propagação de desinformação.
Nesse contexto, afirmo que nenhum outro político aproveitou tão bem a era da pós-verdade como Jair Bolsonaro. Ele e a sua família são as provas vivas, as testemunhas da história que ratificam que vivemos o pior momento da história brasileira em termos de princípios e valores.
A mentira como ethos
A mentira para a família Bolsonaro não é algo vergonhoso ou ruim. Pelo contrário, a mentira faz parte do ethos deles. É um método de fazer política. Com orgulho, mentem e propagam mentiras sem o menor constrangimento. O mais recente episódio dessa trama grotesca foi ao ar nesta semana, com a apresentação de um falso convite para a cerimônia de posse de Donald Trump em Washington. A farsa foi facilmente descoberta.
Todavia, caro(a) leitor(a), não se engane. Eles nunca agem de maneira improvisada, sem o devido cálculo político. Ao menos para mim, a farsa do convite faz parte de uma estratégia para mantê-los nos Trending Topics das redes sociais. Trata-se de uma metodologia bastante utilizada pela extrema-direita nazifascista brasileira. E tem funcionado muito bem, pois eles pautam o debate em âmbito nacional em todos os meios de comunicação.
Essa estratégia não apenas mantém o rebanho adestrado e fidelizado, como ainda corre o risco de convencer algum desavisado da importância dessa família para a política brasileira e do quanto ela é perseguida em nosso país por homens maus e antidemocráticos – algo totalmente inverídico.
Nesse contexto, o que se pode fazer? A resposta é: resistir e combater, por todos os meios possíveis, a desinformação e as armações da família Bolsonaro – uma família do mal. Como atesta o sociólogo Lúcio Carril, trata-se de uma “guerrilha virtual”, cujos principais incentivadores são os Bolsonaro.
Conclusão
Certamente, a era da pós-verdade possibilitou a ascensão de Bolsonaro e sua família. O ambiente de desinformação, de crescente desconfiança nas instituições, o primado das emoções e dos valores morais hipócritas produzem o “líquido amniótico” onde é gestado o “Bebê de Rosemary” daquilo que se convencionou chamar de bolsonarismo.
Eu olho para tudo isso e, às vezes, questiono se é possível que uma sociedade que já produziu tanta inteligência, encarnada em mentes tão brilhantes como a de Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Noel Rosa e tantos outros irá realmente sucumbir no poço da mediocridade e da idiotia. Então eu penso e verbalizo: não, não é possível que este seja o nosso destino.
Portanto, devemos insistir na propagação da verdade. Ela ainda existe e se faz necessária. O Brasil possui uma rica história. Como mencionado, por meio de muitas mentes brilhantes, nós já produzimos muito conhecimento, muita arte, beleza e poesia para sermos destruídos pela oligofrenia da família Bolsonaro e seus asseclas.
Não passarão!
*O autor é sociólogo.