Oficiais do Exército fraudam licitação de R$ 46 milhões e pegam pena de 1 ano
Apesar da gravidade, penas leves geram críticas à Justiça Militar.

Diamantino Junior
Publicado em: 14/01/2025 às 11:48 | Atualizado em: 14/01/2025 às 11:48
Mesmo diante de um esquema milionário de fraude em licitação no valor de R$ 46 milhões para o Hospital Central do Exército (HCE), no Rio de Janeiro, dois oficiais da reserva do Exército Brasileiro, condenados na Justiça militar por direcionar o processo para beneficiar empresas específicas, receberam penas irrisórias de apenas um ano, suspensas, sem qualquer obrigação de reparar o prejuízo causado aos cofres públicos.
Esquema direcionado e irregularidades flagrantes
A fraude envolveu a manipulação de um pregão licitatório para favorecer empresas específicas, ignorando pareceres técnicos da Consultoria Jurídica da União (CJU) e utilizando informações falsas para aprovar o processo.
Entre as irregularidades apontadas pelo Ministério Público Militar (MPM) estão:
Desconsideração de pareceres técnicos que indicavam falhas no edital;
Ausência de estudo de mercado adequado;
Reserva injustificada de 25% do contrato para empresas de pequeno porte;
Contratação de fornecedores com preços acima do mercado.
As práticas resultaram em um prejuízo financeiro significativo, agravando a situação do HCE, que poderia ter destinado os recursos para melhorias no atendimento à saúde.
Condenações leves e lacunas na decisão
Os oficiais foram condenados com base no artigo 339 do Código Penal Militar, mas receberam penas de apenas um ano de detenção, com suspensão condicional e possibilidade de recorrer em liberdade.
Além disso, o julgamento não contemplou medidas mais severas previstas na Lei nº 14.133/2021, como multas, ressarcimento do dano ou declaração de inidoneidade dos envolvidos.
Especialistas criticam a Justiça Militar por falhar em aplicar sanções exemplares em casos de corrupção, mantendo uma lógica corporativa que protege membros das Forças Armadas.
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“É mais um exemplo de como a Justiça Militar se mostra complacente em casos graves que deveriam ser tratados com rigor,” afirmou um jurista consultado.
O caso aponta a necessidade de modernizar o sistema de Justiça Militar, especialmente em casos de corrupção que afetam diretamente o erário público. Enquanto os condenados permanecem em liberdade, o prejuízo de R$ 46 milhões segue sem reparação prática.
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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)