Senador teme que PSDB seja engolido pelo PSD de Omar Aziz em fusão a caminho

De acordo com o Estadão, o assunto foi debatido entre o presidente do PSDB paulista, Paulo Serra, e o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 06/01/2025 às 17:39 | Atualizado em: 06/01/2025 às 21:06

O senador Plínio Valério (PSDB) se posicionou contra a proposta de fusão entre o seu partido e o PSD do senador Omar Aziz e do deputado Sidney Leite. “Eu vejo com preocupação, mas não tem nada certo. Não foi tratado ainda na executiva”.

De acordo com o Estadão, o assunto foi debatido entre Paulo Serra, presidente do PSDB paulista, e Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, que tem 44 deputados na Câmara e os tucanos 13.

No Senado, o PSD possui a maior bancada com 15 integrantes, cuja a liderança é de Omar Aziz. O PSDB, por sua vez, conta apenas com Plínio Valério na casa.

“Tivemos uma boa conversa e essa questão da fusão do PSDB com o PSD está avançando bastante”, disse Serra ao jornal paulista. “Nós precisamos crescer e a fusão, incorporação ou federação podem ser alternativas”.

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, não nega a negociação. “Há uma divisão em termos de vontade política porque uma corrente quer que o PSDB continue e outros defendem a incorporação ou fusão a um partido maior”.

Afirmou mais:

“Vamos nos debruçar sobre esse tema em fevereiro, a partir da reabertura dos trabalhos do Congresso”.

Todavia, Valério teme que seu partido seja o maior prejudicado.

“Uma coisa é você fazer uma fusão com o partido do tamanho menor, do seu tamanho, outra é com um do porte do PSD. É preocupante. Até porque o PSD tem muitas raposas felpudas”, diz o senador, referindo-se aos políticos mais astutos no jogo do poder.

“É um partido muito grande e a gente tem que ver. Eu vejo com preocupação, mas não tem nada certo, não tenho o que me preocupar até agora”.

O senador do Amazonas também acredita que o assunto será tratado em breve. “Acho que vão chamar para tratar na executiva, quando então eu vou saber”.

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Cláusula de barreira

Para Leite, trata-se de uma questão de sobrevivência dos partidos.

“Com a cláusula de barreira, a cada eleição que passa, a tendência é diminuir o número de partidos. E esse é um debate que sempre estará presente”.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para alcançar a cláusula de barreira e continuar com representação na Câmara, os partidos precisaram eleger na última eleição pelo menos 11 deputados federais.

Ele teria que estar distribuídos em pelo menos nove estados; ou a obtenção de, no mínimo, 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara, distribuídos em pelo menos nove estados, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada um deles.

Ao considerar essa situação, Leite diz que o PSD é um partido de diálogo, de centro e que busca as “forças no sentido de construir uma política pública diferente, seja no parlamento, seja no Executivo”.

“E esse debate faz parte do processo democrático. Agora, é óbvio, isso vai ser avaliado. O PSDB tem 13 deputados federais na Câmara e entendo que é natural que isso ocorra, tendo em vista a cláusula de barreira que a cada eleição vai diminuir o número de partidos. Essa é a tendência natural. Inclusive, há um sentimento em boa parte dos deputados”.

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Declínio

O Estadão avalia que o PSDB, que integra uma federação com o Cidadania, do deputado Amom Mandel, do Amazonas, encontra-se em declínio.

O partido, que já comandou a Presidência duas vezes (1994 a 2002), com Fernando Henrique Cardoso, e o Governo de São Paulo por quase 30 anos, perdeu figuras importantes como vice-presidente Geraldo Alckmin, que se filiou ao PSB.

Além disso, nas últimas eleições municipais, o PSDB “não conseguiu emplacar nenhum vereador em São Paulo nem em Belo Horizonte, os dois maiores colégios eleitorais”.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado