Milhões em emendas são desviados em contratos fraudulentos

Esquema de corrupção com empresas de fachada e licitações manipuladas desvia milhões de reais e envolve bens de luxo e lavagem de dinheiro.

Diamantino Junior

Publicado em: 04/01/2025 às 09:41 | Atualizado em: 04/01/2025 às 09:46

Uma investigação revelou um esquema de corrupção que desviava milhões de reais de recursos públicos por meio de contratos fraudulentos firmados entre empresas de fachada e órgãos governamentais. Empresas como Allpha Pavimentações e Larclean Saúde Ambiental utilizavam emendas parlamentares e convênios direcionados a estados e municípios para garantir contratos superfaturados, frequentemente com a conivência de servidores públicos.

Manipulação de licitações

O esquema funcionava com a manipulação de processos licitatórios para desviar os recursos das emendas parlamentares.

Os editais eram preparados com exigências que eliminavam concorrentes legítimos, favorecendo empresas previamente escolhidas.

Isso assegurava a celebração de contratos superfaturados ou até mesmo fictícios.

Em muitos casos, os serviços contratados não eram realizados ou eram executados de forma precária, com valores inflacionados por medições adulteradas, itens desnecessários e aditivos contratuais sem fundamento.

Rota do dinheiro desviado

O dinheiro obtido ilegalmente seguia caminhos complexos para mascarar sua origem e dificultar a fiscalização. Entre as estratégias utilizadas, destacam-se:

Empresas de fachada e “laranjas”: recursos eram transferidos para empresas criadas especificamente para o esquema, como Bra Teles, FAP Participações e MM Limpeza Urbana.

Essas empresas simulavam a prestação de serviços inexistentes, movimentando valores por meio de contas bancárias de “laranjas”.

Movimentações eletrônicas e PIX: transferências bancárias rápidas e operações via PIX pulverizavam os recursos, dificultando o rastreamento.

Essas transações incluíam pagamentos de propina a servidores públicos e movimentações entre empresas do grupo.

Dinheiro em espécie: parte significativa dos valores era convertida em dinheiro vivo, entregue a beneficiários do esquema, como agentes públicos corruptos, após o pagamento de uma taxa de serviço a empresas especializadas em movimentação de valores.

Lavagem de dinheiro: a simulação de serviços fictícios, como pavimentação e limpeza urbana, justificava a entrada e saída de recursos, apoiada por documentação falsificada.

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Bens de luxo e bloqueios judiciais

Os recursos desviados foram utilizados para adquirir bens de alto valor, como imóveis, veículos, aeronaves e barcos. A Justiça bloqueou R$ 162,3 milhões em bens relacionados aos envolvidos.

Os principais operadores

O núcleo do esquema era liderado por Alex Rezende Parente, que coordenava fraudes e pagamentos de propina.

Ele contava com a colaboração de seu irmão, Fábio Rezende Parente, responsável pela movimentação financeira por meio de empresas fantasmas, e de José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, que articulava os contratos fraudulentos com agentes políticos.

A investigação prossegue, com o objetivo de responsabilizar todos os envolvidos e recuperar os recursos públicos desviados.

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Foto: divulgação