Reforma vai quebrar bicicletas produzidas fora da ZFM, prevê entidade
Aliança Bike diz que 80% das bicicletas vendidas no Brasil ficarão até 20% mais caras

Mariane Veiga
Publicado em: 19/12/2024 às 21:58 | Atualizado em: 19/12/2024 às 23:43
Com a aprovação da regulamentação da reforma tributária, que aumenta a carga fiscal sobre as bicicletas produzidas fora da Zona Franca de Manaus (ZFM), ao mesmo tempo, em que preserva os incentivos fiscais para os produtos fabricados no polo de Manaus, a Aliança Bike estima que cerca de 80% das bicicletas vendidas no Brasil serão afetadas pela elevação dos impostos.
A principal alteração diz respeito à tributação sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que, embora tenha sido um dos impostos previstos para extinção com a reforma, será mantido especificamente para os produtos similares aos fabricados na ZFM.
Isso significa que as bicicletas fabricadas fora da ZFM terão um aumento de até 16 pontos percentuais na carga tributária, o que poderá encarecer os produtos em até 20%, segundo estimativas da Aliança Bike.
De acordo com a entidade, a medida afeta diretamente as bicicletas não produzidas em Manaus, ou seja, as que representam aproximadamente 80% do mercado brasileiro.
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A associação calcula que, somados aos tributos já existentes, a nova carga tributária pode resultar em um aumento de cerca de 23% no preço final dos produtos.
Isso ocorre em um momento em que a indústria enfrenta uma desaceleração na demanda e uma crescente concorrência, especialmente com a popularização das bicicletas elétricas, que também serão impactadas pelo aumento de impostos.
“É inacreditável que se tenha tomado essa decisão. A bicicleta é um produto que deveria ser incentivado, não desestimulado. Até armas, em termos de tributação, estão recebendo um tratamento mais favorável”, comentou Daniel Guth, diretor-executivo da Aliança Bike.
Guth também destacou que, apesar de várias tentativas de modificar a proposta, o setor não conseguiu evitar a implementação do novo imposto, que considera um retrocesso para um mercado que, historicamente, promove a sustentabilidade e a mobilidade urbana.
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Foto: divulgação