Prêmio Paulo Gustavo celebra palhaça Jujuba, morta no Amazonas

Além dela, foram agraciados in memoriam Antônio Carlos Bernardes Gomes (Mussum), e Ziraldo

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 13/12/2024 às 18:12 | Atualizado em: 13/12/2024 às 18:37

Um dos momentos mais emocionantes do Prêmio Paulo Gustavo, entregue todos os anos pela Câmara dos Deputados em homenagens aos artistas da comédia, foi a premiação in memoriam da artista circense Julieta Hernández, a palhaça Jujuba, assassinada em Presidente Figueiredo, no Amazonas.

Além dela, foram agraciados in memoriam Antônio Carlos Bernardes Gomes (Mussum), e Ziraldo. Também receberam os prêmios Nathalia Ponto Cruz e Paulo Vieira.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma das criadoras do prêmio, cobrou justiça e que o crime envolvendo a artista seja reconhecido como feminicídio.

“A entrega desse prêmio também é uma cobrança, um clamor por justiça. Essa investigação está num caminho incorreto. Julieta foi brutalmente assassinada, teve seu corpo ocultado. Ela era a expressão de um espírito livre e por onde passava deixava sua arte como uma expressão de amor”, cobrou a deputada.

Para ela, a Câmara não poderia deixar de fazer dessa homenagem uma denúncia. “Ela merece que a gente continue cobrando justiça e que esse crime seja elucidado”, disse Jandira.

A deputada lembrou que a classificação de um crime como feminicídio não é apenas uma questão semântica ou jurídica, trata-se de reconhecer a especificidade da violência de gênero e o contexto social em que ocorre.

Odília Nunes, artista pernambucana que recebeu a homenagem feita a Julieta, destacou que a amiga foi assassinada por ser mulher, migrante.

“Julieta foi brutalmente vítima de feminicídio no Estado brasileiro. Ela não morreu por causa de um celular, ela morreu por que era mulher, migrante. Julieta era uma artista que merece de verdade esse premiação e reconhecimento por seu trabalho”, disse.

A família de Julieta lidera uma mobilização para que o crime seja tipificado como feminicídio pela Justiça brasileira, argumentando que a violência sofrida por Julieta carrega traços de misoginia e xenofobia, considerando que era uma mulher e migrante venezuelana.

Sophia Hernández, irmã de Julieta, em carta lida por Odília na premiação, lembrou a trajetória da irmã, a luta da família e pediu que o legado de Julieta tenha continuidade e a arte e a cultura cheguem ao Brasil profundo.

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Entenda o caso

Em dezembro de 2023, a artista desapareceu no município de Presidente Figueiredo, a 107 quilômetros de Manaus, quando retornava à Venezuela, sua terra natal.

O corpo foi encontrado escondido na mata no dia 6 de janeiro deste ano.

As investigações revelaram que ela foi estuprada, assassinada e teve seu corpo queimado pelo casal Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos.

Os acusados respondem por latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação de cadáver.

*Com informações da liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados

Foto: Richard Silva/PCdoB