Agro depende 80% das terras indígenas para ter chuva, diz pesquisa

Terras indígenas são a esperança para esses setores, que acumulam perdas devido à seca extrema que afeta o país

Agro depende 80% das terras indígenas para ter chuva, diz pesquisa

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 06/12/2024 às 10:52 | Atualizado em: 06/12/2024 às 10:52

Pesquisa inédita do Instituto Serrapilheira revela que 80% das áreas de produção agrícola e pecuária no Brasil recebe chuvas formadas em áreas indígenas na Amazônia.

Por incrível que pareça essas terras são alvo do desmatamento impulsionado, principalmente, pelo avanço da produção agrícola e pecuária.

Dessa forma, as terras indígenas são a esperança para esses mesmos setores, que acumulam perdas devido à seca extrema que afeta o país. Como informa o g1.

Por exemplo, a seca extrema, considerada a mais longa e extensa da história recente do país, afeta diretamente a agricultura e pecuária.

Esses setores são pilares da economia nacional responsáveis por 22% do Produto Interno Bruto (PIB). 

Conforme a Confederação Nacional dos Municípios, as crises climáticas já causaram perdas de R$ 287 bilhões no setor nos últimos dez anos.

Dessa maneira, mais do que saber que a floresta de pé é importante para o equilíbrio do clima, o estudo inédito feito pelo grupo de pesquisa em ecologia tropical do Instituto Serrapilheira aponta que ela é fundamental para a manutenção desses setores da economia.

De acordo com a pesquisa, a umidade que vem das terras indígenas na Amazônia foi responsável por abastecer as áreas produtivas no setor em 18 estados e no Distrito Federal.

Então, na lista, os nove estados que mais receberam água de terras indígenas amazônicas produziram juntos R$338 bilhões – cerca de 57% da renda agropecuária nacional (dados de 2021).

“O estudo mostra o quanto a produção precisa das terras indígenas para se manter e como a proteção desses povos está diretamente ligada à nossa economia. Não faz sentido um setor que depende da proteção do território indígena, ser uma ameaça”, explica Caio Mattos, autor do estudo e pesquisador em mudanças climáticas.

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Análise

Assim sendo, o estudo inédito analisou como a umidade gerada nas terras indígenas percorre o país através dos chamados rios voadores, resultando na formação de chuvas. 

Nesse sentido, os pesquisadores rastrearam as partículas de chuva desde sua origem até os locais de destino.

Portanto, nesse processo, a água evaporada do oceano se transforma em chuva, sendo transportada por correntes de vento até a região amazônica.

Por conseguinte, lá, a vegetação absorve a água e a devolve gradualmente à atmosfera, permitindo que os ventos a distribuam pelo território brasileiro. 

Leia mais no g1.

Foto: Funai/Gov