Boto cor de rosa é achado morto no rio Negro, em Manaus

Órgãos e ambientalistas ainda não trataram do caso, que já é grave no rio Solimões.

Boto cor de rosa é achado morto no rio Negro, em Manaus

Ednilson Maciel

Publicado em: 01/12/2024 às 13:01 | Atualizado em: 02/12/2024 às 10:04

Um boto cor de rosa foi encontrado morto às margens do rio Negro, na zona oeste de Manaus, neste dia 30 de novembro. O registro foi feito pelo jornalista Caubi Cerquinho.

As águas do rio Negro, que banham a capital do Amazonas, estão recuperando o seu nível depois da maior vazante da história, quando ficou em 12,68 metros. Neste final de semana, a cota está em 14.33, conforme o último registro – no dia 29/11.

Esse registro deve ser analisado por órgãos do meio ambiente e entidades ambientalistas. A alta mortandade desses animais na seca do rio Solimões, desde 2023, é motivo de preocupação por causa, até, de extinção da espécie que é um dos símbolos dos rios da Amazônia.

Essa ameaça vem se tornando bem nítida diante dos números do lago de Tefé, no Solimões, região de novo atacada por uma seca severa.

Em 2023, conforme reportagem do site mongabay, no ago Tefé, em setembro e outubro de 2023, foram recolhidas 209 carcaças de tucuxis (Sotalia fluviatilis) e botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis).

A informação foi repassada pelos pesquisadores do Instituto Mamirauá. Como destaca a publicação.

Assim, apenas no dia 28 de setembro, 70 carcaças foram encontradas na região, um evento de mortalidade sem precedentes para essas espécies.

Segundo a reportagem, naquele ano, a maioria das mortes foi relacionada ao superaquecimento das águas, que alcançaram temperaturas superiores a 40 ºC.

Além disso, e acordo com estimativas do Instituto Mamirauá, o lago Tefé abriga uma população de aproximadamente 900 botos-cor-de-rosa e 500 tucuxis.

Isso com uma taxa de reposição anual de apenas 5%, a perda de mais de 200 animais em 2023 representou um impacto significativo para essas populações.

Como resultado, cerca de 80% dos animais mortos naquele ano eram botos-cor-de-rosa.

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Golfinhos de água doce

Nesse sentido, ambas as espécies de golfinhos de água doce da Amazônia estão na lista vermelha de espécies ameaçadas.

É o que aponta a União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

Dessa maneira, o boto-cor-de-rosa e o tucuxi são classificados como “em perigo” de extinção, o que significa que a espécie provavelmente será extinta em um futuro próximo.

Assim sendo, esse é o segundo nível mais grave de ameaça na classificação da IUCN.

Em suma, em 2024, não foram registradas mortes de botos relacionadas ao estresse térmico. No entanto, o ICMBio contabilizou 14 mortes de animais.

Ou seja, oito botos-cor-de-rosa, quatro tucuxis e dois peixes-boi, todos com sinais de interação humana, como pesca, caça ou colisões.

Portanto, as carcaças desses animais estão sendo analisadas para determinar as causas exatas das mortes.

Leia a reportagem sobre as mortes dos botos no Mongabay.

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Foto: Caubi Cerquinho/cedida gentilmente ao BNC Amazonas