Pirarucu: da mesa ao artesanato
Aproveita-se tudo do pirarucu, não somente a carne que muito apreciada na culinária amazônica

Wilson Nogueira, do BNC Amazonas
Publicado em: 18/11/2024 às 06:05 | Atualizado em: 18/11/2024 às 11:14
O pirarucu (Arapaima gigas), o maior peixe de água doce do mundo, além de ser um dos primeiros da culinária amazonense, é, também, gerador de subprodutos de utilidades domésticas e souvenirs.
A língua desse animal, com até 10 centímetros de comprimento, serve, depois de seca e higienizada, como ralador de mil e uma utilidades. Os ribeirinhos a usam, principalmente, para ralar pão-de-chocolate, bastão de guaraná e pequenos tubérculos.
Trata-se de peça indispensável na preparação do sapó. Sapó é bebida do ritual do povo indígena Saterê-Mawé. Faz-se de guaraná e servida em cuia, na recepção de amigos e visitantes.
A sua parte rugosa é um excelente aparador de unhas. Funciona como a lixa usadas em serviços de pedicure e manicure. As escamas de pirarucu também embelezam indumentárias de brincantes de festas tradicionais, como boi-bumbá e pássaros, e compõem máscaras étnicas.
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Artesanato
Tanto a língua quanto a escama encontram-se em lojas de artesanato amazônico em Manaus. “As pessoas compram mais por curiosidade”, explica Fátima Gomes, atendente de uma loja de artesanato do Mercado Adolpho Lisboa, localizado no centro histórico de Manaus (AM).
Uma língua custa R$ 15 a unidade e uma escama vale R$ 1.

No setor de pescado, em uma das bancas de venda carne de pirarucu salgada-seca, geralmente comparada à do bacalhau português, está em exposição o entalhe em madeira com a representação do peixe em tamanho natural.
Isso tudo, explicou o funcionário (ele pediu para não ter o nome publicado) para chamar a atenção dos consumidores que nunca viram o animal vivo. Um pirarucu adulto mede entre dois e três metros e pode pesar entre 100 e 250 quilos.
O peixe também é personagem em estampas diversas, chaveirinhos e enfeites de portas de ladeiras.
Ameaçado de extinção
O pirarucu é um voraz predador de peixes menores, mas, também, um dos mais pescados pelos humanos.


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Defeso
O valor comercial da carne fresca ou seca-salgada do animal, o torna vulnerável à pesca predatória. Para protegê-lo, Instituto de Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o mantém na lista da pesca proibida. A poibição ocorre no período de 15 de novembro deste ano a 30 de maio de 2025.
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), um projeto de proteção do pirarucu vem sendo testado desde 2004, com a participação direta de comunidades ribeirinhas.
O peixe da RDS é vendido em Manaus e exportado para outras cidades sob a fiscalização do Ibama.
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Fotos: Wilson Nogueira