Mercúrio de garimpeiros deixa peixes ruins à saúde no rio Madeira, no Amazonas
Monitoramento da UEA prevê acompanhar a qualidade da água em todas as bacias da Amazônia

Mariane Veiga
Publicado em: 04/11/2024 às 20:02 | Atualizado em: 05/11/2024 às 12:47
Por meio de barco, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) realiza monitoramento das águas do rio Negro e do rio Madeira, onde uma primeira expedição com a Universidade Harvard (Estados Unidos), em abril, coletou peixes com níveis altos de mercúrio.
São espécies de peixes altamente consumidas pela população da região, como branquinha, jaraqui e pacu, para as quais a legislação admite concentração de 0,5 miligrama por quilo (mg/kg).
Entretanto, a expedição recolheu peixes em Humaitá, a 700 km de Manaus, que continham até 16 mg/kg do metal pesado, 32 vezes mais que o permitido.
Segundo os pesquisadores, para peixes predadores, como o tucunaré, os limites de tolerância são mais elevados, de 1 mg/kg.
No entanto, espécies que se alimentam repetidamente de outros animais contaminados, como peixes menores, vão concentrando o metal em seus tecidos e se tornam ainda mais danosos para a saúde humana.
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As análises de mercúrio foram realizadas em Harvard no laboratório de Elsie Sunderland, especialista no metal tóxico.
No rio Madeira, são 63 locais de coleta. O metal, entretanto, não é o único indicador da saúde dos rios. Barco e laboratórios da UEA estão equipados para monitorar até 163 parâmetros de qualidade de água, de turbidez a teor de oxigênio, coliformes, metais etc., embora o Plano Estadual de Recursos Hídricos do Amazonas preveja 30.
Para isso, a UEA precisaria de mais três embarcações e os pesquisador calculam investimentos de R$ 300 milhões, o custo para disseminar o monitoramento, algo crucial numa região em que rios são a principal fonte de água para beber, de segurança alimentar (proteína de pescado) e de transporte.
Leia a reportagem completa de Marcelo Leite na Folha.
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil