TRF-1 manda PF parar de investigar ex-ministro da Justiça de Bolsonaro
O TRF-1 suspendeu o processo disciplinar da PF contra Anderson Torres, apontando irregularidades e violação do direito de defesa.

Diamantino Junior
Publicado em: 09/10/2024 às 12:29 | Atualizado em: 09/10/2024 às 13:09
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) decidiu suspender o processo disciplinar da Polícia Federal (PF) que investigava o delegado e ex-ministro Anderson Torres por sua atuação nos eventos do 8 de Janeiro.
A decisão, assinada na última terça-feira (8/10), apontou que a PF cometeu irregularidades ao conduzir a investigação interna, desrespeitando o devido processo legal.
A investigação, iniciada pela PF no ano passado, apurava duas supostas transgressões de Torres: negligência e omissão no dia 8 de Janeiro.
No entanto, o TRF-1 afirmou que a responsabilidade pela investigação deveria recair sobre o governo do Distrito Federal, onde Torres ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública, e não sobre a PF, órgão de origem do delegado.
Além disso, a decisão criticou a postura da PF, que teria realizado um julgamento prévio de Anderson Torres antes de finalizar o processo de apuração, comprometendo a imparcialidade da investigação.
A corporação também foi acusada de violar o direito de defesa do ex-ministro. A partir dessa decisão, a Corregedoria da PF deverá prestar esclarecimentos ao TRF-1 sobre as irregularidades no processo.
A defesa de Torres já havia solicitado a substituição do delegado Clyton Eustáquio Xavier, responsável pelo caso, sem sucesso.
Xavier, demitido por Torres em 2021 enquanto este era ministro da Justiça, teria tido uma redução de salário de R$ 14 mil após a demissão, o que levantou questionamentos sobre sua imparcialidade no caso.
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Anderson Torres foi preso preventivamente por quatro meses em 2023, por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, sob a acusação de omissão durante os atos de 8 de Janeiro.
Desde então, Torres permanece usando tornozeleira eletrônica, e o caso segue sem julgamento.
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Foto: Geraldo Magela/fotospublicas