O dia do fogo e o 8 de janeiro
"O dia do fogo é o 8 de janeiro continuado. Precisamos estar alertas". É o que afirma o sociólogo Aldenor Ferreira

Ednilson Maciel, por Aldenor Ferreira*
Publicado em: 04/10/2024 às 21:56 | Atualizado em: 05/10/2024 às 05:21
A tentativa de golpe de Estado no Brasil, em 8 de janeiro de 2023, segue a sua marcha. Agora ela se apresenta com novas ações, sob outros formatos, mas o espírito do golpismo é o mesmo.
Não podemos analisar a fatídica data como algo pontual, fruto de um processo de radicalização de uma parcela do eleitorado brasileiro específico para aquela ação. Não foi. O 8 de janeiro não é uma data, mas é um continuum. Ele foi a materialização de um sentimento, de uma ideia e, acima de tudo, de um projeto.
A não aceitação da derrota eleitoral, seguida da depredação do patrimônio público em Brasília, foi só um ato dentro do projeto de tomada do poder pela extrema direita. A princípio, a estratégia era assumir o poder pela via democrática para, em seguida, operar as mudanças no ordenamento jurídico e político do país e fazer a transição para a ditadura, que poderia ser civil ou militar.
Estava tudo pronto
Estava tudo pronto para o golpe. Contudo, a derrota eleitoral imposta à extrema direita nacional pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou esse projeto. Ao menos é o que se espera durante essa quadra presidencial. Com efeito, é importante lembrarmos que, mesmo antes do dia 8 de janeiro, o espírito do golpismo já estava formado e consolidado.
É só lembrarmos dos episódios violentos ocorridos no dia da diplomação de Lula, nos bloqueios das rodovias, na tentativa de atentado a bomba na véspera de Natal, em Brasília; nos acampamentos em frente aos quartéis do Exército, bem como na divulgação em massa de notícias falsas pelas redes sociais.
Neste sentido, de fato, o golpismo nunca arrefeceu e novas formas de desgaste e tentativas de sabotagem do atual governo foram produzidas, como, por exemplo, as reiteradas convocações ao Congresso Nacional de Ministros de Estado, como nunca se viu na história da República.
Ainda, a política monetária antinacional e antipovo adotada pelo presidente do Banco Central, a divulgação em massa de notícias falsas para sabotar o PL nº 2.630, de 2020, conhecido como o PL das fake news etc.
Dia do fogo
O dia do fogo é mais uma tentativa de golpe de Estado em nosso país. Eu diria que se trata de uma tentativa mais sofisticada. Desta vez, não mais com bloqueios de rodovias nem destruição do patrimônio público, mas, literalmente, ateando fogo no país.
As investigações policiais já apontam para a intencionalidade da ação criminosa relacionada aos incêndios. Fica evidente que o objetivo é sabotar a economia, enfraquecer o governo e criar o caos, para que haja êxito eleitoral nas eleições municipais e, posteriormente, nas eleições nacionais em 2026.
Após o dia do fogo, qual será a próxima ação? Uma coisa é certa, haverá novas ações para a desestabilização do governo, que precisa estar preparado, precisa estar sempre à frente dos golpistas para não ser surpreendido. Afinal, não se realiza mais golpes de Estado com tanques nas ruas; agora, as estratégias são outras, apesar de o espírito ser o mesmo.
Conclusão
Concluo afirmando que a esquerda precisa se manter alerta, unida e articulada. Ganhamos uma sobrevida com a eleição de Lula, mas foi apenas uma batalha na longa guerra contra o neofascismo e neonazismo no Brasil, representados pela extrema direita.
Mesmo com toda a sabotagem, o governo Lula transforma o Brasil em um país melhor. A cada dia apresenta índices positivos no campo econômico e social. Entretanto, em 2026, a extrema direita tentará novamente tomar o poder para materializar a sua expertise: entregar nossas riquezas ao estrangeiro e destruir a classe trabalhadora.
O dia do fogo é o 8 de janeiro continuado. Precisamos estar alertas.
*O autor é sociólogo.
Foto/arte: Gilmal