‘Nenhum cavalo de troia vai entrar na Zona Franca de Manaus’, afirma Aziz

Omar Aziz declara que propostas que prejudiquem a Zona Franca de Manaus não passarão no Senado.

Antônio Paulo, da Redação do BNC Amazonas 

Publicado em: 01/10/2024 às 15:42 | Atualizado em: 01/10/2024 às 15:42

“Nenhum cavalo de troia vai entrar na Zona Franca de Manaus. Quem vota são os senadores. Portanto, nenhuma ideia que venha prejudicar o nosso modelo e a nossa indústria vai prosperar no Senado, venha de onde vier”. Essas declarações são do senador Omar Aziz (PSD).

O coordenador da bancada parlamentar do Amazonas no Congresso Nacional afirmou neste dia 1° de outubro que fala tanto em nome dele quanto dos senadores Eduardo Braga (MDB) e Plínio Valério (PSDB).

A manifestação dura e contundente de Aziz veio após a apresentação de uma proposta do consultor tributarista Thomaz Nogueira nesta terça-feira.

O ex-secretário estadual de Fazenda e ex-superintendente da ZFM (Suframa) participou de um debate, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, sobre a regulação da reforma tributária.

 Nogueira tratou, portanto, da ZFM. E um dos pontos de sua abordagem gerou imensa polêmica no meio empresarial e político do Amazonas, sobretudo. Mas, segundo ele, foi um mal entendido.

Conforme afirmou, na ZFM há quatro níveis de incentivos fiscais concedidos aos bens de consumo, intermediários, bens de capital e informática. 

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Incentivos excepcionais

A eles, os incentivos fiscais variam de 55% (bens de consumo), 75% (bens de capital), 90,25% (bens intermediários) e 100% (bens de informática).  

Segundo Nogueira, diversas circunstâncias conjunturais e momentâneas fizeram com que se mexesse nos incentivos fiscais de alguns produtos, entre eles, o ar-condicionado.

De tal forma que, nessa excepcionalidade, foi concedido favor fiscal de forma temporária e extraordinária a alguns bens, saindo de 55% para 100% de incentivo.

“Esse favor fiscal temporário foi concedido àqueles produtos que apresentavam uma situação de competição predatória, seja na produção nacional ou importada. Mas, todas essas medidas, que fugiram do conceito, tiveram e ainda têm o caráter da temporalidade”, disse.

Segundo ele, quando o estado do Amazonas faz essa concessão, ocorre um processo de revisão. 

Já dentro do governo federal, há quem defenda essa revisão da excepcionalidade de 100% dos incentivos de alguns produtos a cada três anos.

Há, no entanto, os defensores que nem querem revisão. Desejam, agora, na regulamentação da reforma tributária, que se extinga a exceção de 100% e retorne aos 55% destinados aos bens de consumo.

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Revisão decenal 

Já a proposta de Nogueira, que assumiu para si toda a responsabilidade da sua afirmação, prevê uma revisão da excepcionalidade dos incentivos a cada dez anos. 

Porém, há uma corrente muito forte que não concorda com essa revisão, especialmente o setor eletroeletrônico e entidades, como a Eletros. 

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Proposta mantida

Por fim, Nogueira resumiu a sua fala e disse o seguinte:

“Não propus a revisão dos incentivos da Zona Franca de Manaus. A proposta que fiz resulta, do meu entendimento, de caráter excepcional e temporário, da elevação de benefícios para alguns produtos. A experiência, que acumulei, leva-me a crer que esse é o melhor caminho. Se não for acatada, não será a primeira sugestão negada. Mas, continuo defendendo minha posição”, disse o consultor tributarista após a repercussão negativa de sua apresentação.

Apesar da polêmica e movimentação de bastidores, nem a Eletros e nem Fieam e Cieam (federação e centro da indústria do Amazonas) quiseram se manifestar sobre o suposto “cavalo de troia”.

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado