Seca e consumo de energia podem trazer o horário de verão
Especialistas apontam economia limitada e mudanças nos hábitos de uso, mas estudos serão apresentados para embasar a decisão.

Diamantino Junior
Publicado em: 15/09/2024 às 12:11 | Atualizado em: 15/09/2024 às 12:13
Com a seca recorde no Brasil e a chegada dos meses mais quentes, o governo está cogitando a volta do horário de verão, medida que não é adotada desde 2019. O objetivo seria diminuir a pressão sobre o sistema elétrico, já que o país enfrenta baixa nos reservatórios das hidrelétricas, responsáveis por cerca de 50% da energia consumida. A proposta surge em meio ao aumento do uso de aparelhos como ar-condicionado e ventiladores, comuns nos períodos mais quentes do ano.
O horário de verão funciona ao adiantar os relógios em uma hora, permitindo que a população aproveite mais a luz natural e, assim, reduza o consumo de eletricidade durante o horário de pico, quando há maior demanda por iluminação e outros eletrodomésticos.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou que essa medida pode ajudar a aliviar a pressão sobre as fontes de energia intermitentes, como a eólica e a solar, que perdem força durante a noite.
Especialistas, no entanto, questionam a eficácia do retorno do horário de verão.
Luciano Duque, mestre em Energia Elétrica, aponta que os hábitos de consumo mudaram e que a economia de energia seria pequena, já que o uso de ar-condicionado e ventiladores é intenso. Ele afirma que a medida traria no máximo uma economia de 0,5% no consumo de energia.
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Por outro lado, o engenheiro Claudio Sales, do Instituto Acende Brasil, destaca que, embora a economia seja pequena, o horário de verão poderia ajudar a aliviar o sistema elétrico no início da noite, quando a demanda por energia aumenta e a produção solar e eólica diminui. Isso evitaria o acionamento das termelétricas, que são mais caras e poluentes.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) devem apresentar estudos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidirá se o horário de verão será retomado.
Pontos mais relevantes:
Governo cogita o retorno do horário de verão devido à seca e aumento de consumo de energia.
A medida poderia reduzir o uso de eletricidade no horário de pico, mas especialistas questionam sua eficácia.
Mudanças nos hábitos de consumo e o uso de ar-condicionado e ventiladores limitam a economia de energia.
Pequena ajuda pode ser observada no início da noite, aliviando o uso de termelétricas.
Aneel e ONS devem apresentar estudos sobre o impacto da medida para embasar a decisão do governo.
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Foto: banco de imagens