A questão ambiental

A discussão sobre a questão ambiental já não se mostra como uma novidade. Está incorporada aos currículos, às ações de ongs, está presente nos noticiários

Mariane Veiga, por Flávio Lauria

Publicado em: 06/09/2024 às 09:38 | Atualizado em: 06/09/2024 às 09:38

Vejam só, caros leitores! Parte do presente artigo foi feito em 2019, e a comoção mundial provocada pela ocorrência de incêndios florestais na Amazônia continua.

Mas, não é só na Amazônia. Em São Paulo, Brasília, Tocantins e Mato Grosso têm provocado uma destruição de aéreas verdes e de animais afetados pelo fogo nas redes sociais.

Em Manaus, o calor é insuportável.

A discussão sobre a questão ambiental já não se mostra como uma novidade. Está incorporada aos currículos, às ações de ongs, está presente nos noticiários…

Porém, aparece, na maioria das vezes, como uma proposta “tradicional”, isto é, enfocando apenas as causas ambientais e propondo apenas mudanças culturais.

Precisamos hoje de uma educação ambiental crítica, que busque além das raízes, causas e mudanças culturais.

A educação ambiental hoje deve discutir “ambiente x relações produtivas e mercantis”, buscando a transformação social.

Sociedade e cultura não podem se opor à natureza. Contudo, enquanto o homem permanecer como detentor dos direitos sobre os recursos naturais, desmatando, contaminando o ambiente com chumbo, os rios com mercúrio e esgotos, não teremos solução para os problemas ambientais.

As raízes da questão ambiental estão longínquas, podemos quiçá relacioná-las com a descoberta do fogo: quando o homem fez sua primeira fogueira estava praticando, seguramente, seu primeiro ato de agressão ao meio ambiente.

Mas, as causas da crise ambiental tal como ela hoje se apresenta são mais recentes e estão associadas ao ganho de capital. Infelizmente, ganho de muito poucos em detrimento de uma maioria que, de todo o processo, só usufrui fumaça, mau cheiro e doenças resultantes da poluição da água, do ar e do solo.

Os segmentos mais marginalizados da sociedade – os trabalhadores pobres, as populações indígenas e negras – são os mais afetados pela crise ambiental. Basta observar que lixões e aterros estão sempre próximos às comunidades pobres.

O individualismo de uns poucos que se beneficiam da modernidade deve ser substituído pelo coletivismo em prol da natureza.

A questão que se coloca, então, é: como pensar no coletivo sem deixar de “ganhar capital”?

A geração de riquezas a partir dos recursos naturais não passa pela luta, pelo equilíbrio social, e se torna um risco ecológico, principalmente para aqueles que vivem à margem dos benefícios, quer em termos locais como globais, repetindo a histórica divisão entre os que podem e os que não podem, entre os que têm e os que não têm.

A natureza, sem a interferência do homem, se mostra equilibrada, e assim também deveria se mostrar a sociedade que dela usufrui.

Necessitamos da implementação de uma política pública “coerente”, “crítica” e “transformadora”.

*O autor é mestre e doutor em administração pública

Foto: Alex Pazuello/Secom