Duas mulheres imprescindíveis

Ana Beatriz e Maria de Jesus representam a força e a resistência de mulheres que dedicam suas vidas a causas maiores

Duas mulheres imprescindíveis arte gilmal

Neuton Correa, Aldenor Ferreira*

Publicado em: 17/08/2024 às 04:00 | Atualizado em: 16/08/2024 às 19:07

A coluna de hoje é em homenagem a duas mulheres imprescindíveis: Ana Beatriz e Maria de Jesus. O título é inspirado no trecho de um poema de Bertolt Brecht, que diz:

“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.”  

Assim como as palavras imortais de Brecht, Ana Beatriz e Maria de Jesus representam a força e a resistência de mulheres que dedicam suas vidas a causas maiores do que elas mesmas: à educação, à pesquisa, ao ensino, ao desenvolvimento da ciência como um todo. Em cada gesto, em cada batalha diária, elas encarnam a essência do que significa ser imprescindível.

Ana Beatriz

Ana Beatriz nunca desistiu de lutar por um mundo mais justo. Fez isso desde os tempos de estudante do curso de Fisioterapia, depois como docente, pesquisadora e, no último quadriênio, como reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ela é uma fonte de inspiração. No percurso de sua gestão, moveu montanhas e abriu caminhos onde antes só havia obstáculos. 

Ana é a materialização da coragem de quem acredita na transformação da sociedade pela via da educação. Aliás, este é, de fato, o único meio efetivo de transformações efetivas. Faz parte da sua gestão a reconstrução do campus Lagoa do Sino, um campus outrora interrompido e sabotado. E foi graças a esta reestruturação que hoje faço parte do time UFSCar. Sou fruto das 20 vagas destinadas para a Lagoa pela gestão da Ana. 

Com efeito, não foi por isso que ela “me ganhou”. O episódio decisivo para que eu passasse a admirá-la e a respeitá-la ainda mais ocorreu durante a colação de grau realizada no nosso campus em 2023. 

A temperatura ainda estava alta naquele momento por conta das eleições e, de forma mal educada e incivilizada, Ana foi interrompida em seu discurso por alguns pais incomodados com as verdades que ela trazia acerca da pandemia de Covid-19 e dos cortes nos orçamentos das universidades federais feitos pelo governo passado.

A cena foi deprimente, afinal, não se interrompe a fala de uma mulher, a fala de uma autoridade daquela forma. Porém, Ana manteve a serenidade e a altivez e não abriu mão de seu discurso. De forma educada, esperou os ânimos se acalmarem e voltou a falar, concluindo de forma brilhante. Foi aí, caro(a) leitor(a), exatamente nessa cena que a Ana Beatriz ganhou o meu total respeito.

Maria de Jesus

Ao lado da Ana há uma Maria, a Jesus, e a sua incansável dedicação e determinação. Como boa psicóloga, Jesus é uma mulher que enfrenta os desafios com uma força silenciosa, mas imbatível. 

Nossa querida Jesus também possui uma trajetória de luta por uma sociedade mais justa. As ferramentas são as mesmas: educação, pesquisa e ciência. Formada em Psicologia pela Universidade de Brasília, ela tem vasta experiência e traz uma grande contribuição para os estudos em Psicologia Comportamental em todo o país. 

A Jesus também “me ganhou” a partir de um acontecimento importante. Ela é acessível, sensível e “pé-quente”.  Certa vez, contei a ela que eu estava participando do Festival de Música da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que estava na final e a votação estava ocorrendo pelo YouTube.  Ela não só votou na minha banda, como também fez campanha. Resultado: vencemos o festival. 

Concluo, afirmando que estas mulheres são mais do que líderes da nossa Universidade. Elas são instrumentos importantes de luta para o avanço da ciência e a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e democrática. 

Ana Beatriz e Maria de Jesus são mulheres imprescindíveis, de inspiração brechtiana. Que suas trajetórias de luta, dedicação e determinação inspirem outras gerações a seguirem seus passos, para que a vitória venha. É o que almejamos e pelo que lutamos. 

*Sociólogo

Arte: Gilmal

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