O que Globo e CNN não falam sobre a Venezuela
Segundo projeções do FMI e da Cepal, órgão da ONU, a Venezuela deverá ter o maior crescimento econômico da América Latina neste ano, ou seja, um aumento de 4% do PIB

Mariane Veiga, por Lúcio Carril*
Publicado em: 05/08/2024 às 18:41 | Atualizado em: 05/08/2024 às 19:49
A Globo e a CNN omitirem verdades é do conhecimento até dos minerais, mas um fenômeno político nos assombra: a papagaisse de gente do campo progressista e popular reproduzindo mentiras e informações manipuladas e propagadas por esses oligopólios da comunicação.
Vamos aos fatos.
Segundo projeções do FMI e da Cepal, órgão da ONU, a Venezuela deverá ter o maior crescimento econômico da América Latina neste ano, ou seja, um aumento de 4% do PIB.
Isso com 930 sanções impostas há dez anos, o que levou o país a perder 29 bilhões de dólares.
Esse crescimento, que já deu sinais positivos no primeiro trimestre de 2024, teve ventos favoráveis da guerra Rússia x Ucrânia, que elevou o preço do petróleo, e a presença da China e da própria Rússia em setores estratégicos da economia venezuelana.
Claro, a Venezuela ainda tem muita gente passando fome, desempregada e sub-empregada, mas qual país capitalista não tem?
Os Estados Unidos estão em recessão, com desemprego em crescimento e a pobreza alcançando 12,4% da população, ou seja, 40 milhões de norte-americanos.
Estes números a Globo e a CNN não mostram. Nem da Venezuela, nem dos EUA.
Você também pode perceber que Globo, CNN e outras empresas de comunicação, mesmo fazendo campanha a favor da extrema direita, não mostraram filas para compra ou recebimento de alimentos.
A razão disso é porque não existem mais filas.
A Venezuela está diversificando sua economia e hoje produz 97% dos seus alimentos.
Há também os Clap (comitês locais de abastecimento e produção), que distribuem cestas básicas e combatem a especulação e o mercado paralelo.
O país também está conseguindo êxito no combate à inflação, que hoje é de 68% ao ano.
Ainda é muito alta, mas bem menor do que os 862% de 2017 e da inflação projetada de 271% para a Argentina, que teve uma retração de 35% na sua capacidade de consumo. Na Venezuela, cresceu 86%.
No campo social, ainda soma-se o programa Grande Missão Vivenda, que desde 2011, quando foi criado por Hugo Chávez, já entregou cerca de 5 milhões de moradias, 37% delas construídas em regime de mutirão e sistema de autogestão.
Não quero aqui dizer que os problemas da Venezuela estão próximos de serem resolvidos. Não existe milagre econômico.
Mas, há reconhecimento de organismos internacionais que a economia do país vem melhorando.
O próprio Estados Unidos aliviou umas sanções para a Chevron comprar petróleo dos hermanos.
A produção de petróleo que chegou a ser de 434 mil barris/dia em 2020, hoje é de 700 mil.
Ainda é pouco, para um país que produzia 3 milhões de barris/dia em 1998.
A Venezuela tem a maior reserva de petróleo bruto do mundo.
E você deve estar se perguntando: por que tanta gente saiu da Venezuela (cerca de 7 milhões)?
A onda migratória começou pelas elites, depois por profissionais à procura de trabalho e melhores postos em países próximos.
Por último, e em maior número, massas empobrecidas pela crise econômica e pelas sanções externas.
O destino? Países com acesso por terra.
A razão? Um possível retorno quando as coisas melhorarem.
Hoje, o país teve um equilíbrio migratório. Seu auge foi em 2018, com a saída de mais de 1,5 milhão de venezuelanos.
Outra coisa que a Globo e a CNN não falam: as razões que poderiam levar a extrema direita de Maria Corina Machado à derrota: o seu programa de governo.
O MUD (Mesa da Unidade Democrática) defende a privatização da indústria do petróleo e gás, a privatização da educação e da saúde e todas empresas públicas, desregulamentação trabalhista e privatização do sistema previdenciário, tudo de acordo com a Carta de Madrid, quando Miley, Bolsonaro, Corina Machado e outras lideranças da extrema direita da América Latina estiveram reunidos, em 2021.
Essa plataforma da extrema direita levou muito eleitor descontente com Maduro a votar nele, para não perder o que lhes restou de conquista social e econômica.
É óbvio que Globo e CNN não falariam a verdade.
Dia 4 de agosto, a empresa da família Marinho, a mesma que apoiou o golpe militar de 1964 no Brasil, colocou a golpista Maria Corina Machado em horário nobre no “Fantástico”, tentando justificar mais um Guaidó no governo, sem que tenha prova de que ganhou a eleição ou houve fraude.
Sobre a horda de equivocados e/ou maledicentes do campo progressista no Brasil, sugiro que busque informações em fontes jornalísticas legítimas e não se deixem emprenhar pelos oligopólios da comunicação.
Fazer ombro com a extrema direita em qualquer parte do mundo não é postura que se espere de quem quer um mundo melhor.
*O autor é sociólogo.
Foto: Carlos Garcia Rawlins/Via Agência Brasil