Olimpíadas: italiana se nega a cumprimentar boxeadora da Argélia

Angela Carini abandona luta contra Imane Khelif nas Olimpíadas de Paris após 45 segundos devido a problemas no nariz. Participação de Khelif gera controvérsia por testes de gênero.

Diamantino Junior

Publicado em: 01/08/2024 às 13:45 | Atualizado em: 03/08/2024 às 17:53

Na primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino nas Olimpíadas de Paris, a luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif durou apenas 45 segundos. Carini abandonou a disputa após um golpe no rosto, citando problemas anteriores no nariz que dificultaram sua respiração.

“Eu entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria ganhar. Recebi duas injeções no nariz e não estava conseguindo respirar. Isso me fez muito mal”, explicou Carini.

Após a vitória de Khelif ser decretada pelo árbitro, Carini se recusou a cumprimentar a adversária e chorou no ringue.

A luta já estava envolvida em controvérsia devido à participação de Khelif, que foi permitida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) apesar de ter falhado em testes de gênero.

No ano passado, durante o Mundial de Boxe na Índia, Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting foram desclassificadas pela Associação Internacional de Boxe (IBA) após testes de DNA que indicaram “cromossomos XY”, conforme declarou o presidente da IBA, Igor Kremlev.

Leia mais

Olimpíadas de Paris: amazonense estreia no dardo no dia 6

Polêmica de género

A IBA foi banida de organizar o torneio de boxe olímpico desde 2019 por questões de integridade e transparência, incluindo manipulação de resultados e corrupção.

O COI assumiu a organização do boxe olímpico, e suas regras de elegibilidade são menos rígidas que as da IBA, permitindo que ambas atletas competissem em Paris.

“Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra minha adversária. Eu tinha uma tarefa e tentei executá-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, afirmou Carini.

O governo italiano, através da Ministra da Família, Eugenia Roccella, expressou preocupação com a participação de atletas transgênero nas competições de boxe feminino, embora não haja comprovação de que Khelif ou Lin Yu-ting sejam trans.

“É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino… É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes, e que precisamente nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, possam haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, disse Roccella.

A estreia de Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira (2/8), contra Sitora Turdibekova, do Uzbequistão.

Leia mais no Estadão

Foto: reprodução/TV