MPF notifica OLX por anúncio de venda ilegal de mercúrio

Plataforma de vendas tem sido utilizada para comércio ilegal da substância usada por garimpeiros.

MPF notifica OLX por anúncio de venda ilegal de mercúrio

Ednilson Maciel, Da Redação do BNC Amazonas  

Publicado em: 26/07/2024 às 16:12 | Atualizado em: 26/07/2024 às 16:12

O site de vendas on-line OLX tem prazo de 30 dias para se manifestar sobre anúncios de venda ilegal de mercúrio na Amazônia.

A determinação é do Ministério Público Federal (MPF), que recomendou à plataforma a retirada da publicidade.

De acordo com a recomendação, expedida pelo 2° Ofício da Amazônia Ocidental, do MPF, a empresa deverá cumprir seus próprios termos. Assim como condições de uso, que proíbem expressamente a venda de mercúrio.

Além disso, o Ministério Público pede que a OLX aprimore suas ferramentas de verificação de anúncios para que não publique mais conteúdos relacionados ao comércio de mercúrio em seu site.

Caso opte por manter os anúncios, a plataforma deverá estabelecer rigoroso controle no comércio de mercúrio, indicando ao anunciante que apresente documentação comprobatória da origem, autorização para importação da substância e licenças ambientais exigidas por lei, diz a recomendação do MPF.

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Contaminação

O mercúrio é um contaminante extremamente perigoso, que apresenta riscos ao meio ambiente e à vida humana.

No Amazonas, a contaminação pelo mercúrio foi encontrada em 50% dos peixes nos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. Isso tem relação direta com a expansão dos garimpos ilegais.

De acordo com estudo realizado pela Fiocruz e outras cinco instituições, os peixes consumidos pela população, em seis estados da Amazônia brasileira, têm concentração de mercúrio 21,3% acima do que é permitido.

Além disso, há presença da substância em 56% das mulheres e crianças ianomâmis, que habitam a região de Maturacá, segundo estudo realizado em 2019 pela Fiocruz.

Além da Fiocruz, também participaram da pesquisa sobre a contaminação pelo mercúrio, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Greenpeace, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), Instituto Socioambiental e o WWF-Brasil.

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Consulta pública

O MPF abriu consulta pública para obter informações sobre as consequências socioambientais decorrentes do uso de mercúrio no processo de extração de minérios. E ainda sobre ações para reduzir o impacto ambiental da utilização do metal em garimpos de ouro.

Bem como conhecer alternativas sustentáveis à utilização do mercúrio na exploração mineral de ouro e formas de compatibilização entre a atividade minerária e a Convenção de Minamata sobre Mercúrio, ratificada pelo Decreto 9.470/2018.

A iniciativa faz parte do inquérito civil 1.13.000.002527/2023-60. As contribuições podem ser feitas até às 18h do dia 21 de agosto.

*Com informações da assessoria do MPF/AM.

Foto: divulgação/Polícia Federal