Sobre razão e emoção no pensamento moderno e na ação
Volta e meia pinta uma urticária acadêmica provocada pela complexidade da construção do pensamento

Ferreira Gabriel, Lúcio Carril*
Publicado em: 26/07/2024 às 14:28 | Atualizado em: 26/07/2024 às 15:49
Não é incomum o debate que envolve a reflexão sobre a existência da emoção em processos reivindicados pelo pensamento racional.
Volta e meia pinta uma urticária acadêmica provocada pela complexidade da construção do pensamento.
Na verdade, essa fragmentação razão/emoção tem seu ápice na modernidade, com a ciência querendo o título de domínio de uma suposta racionalidade instrumental e objetiva.
O pensamento que dominaria a verdade e a colocaria a serviço do desenvolvimento humano foi instrumentalizado para gerar e justificar a dominação de novos impérios e nova classe social. O que era pra libertar, oprimiu dolosamente.
A razão da era moderna foi logo abrindo os braços para uma guerra mundial e para a criação de potências imperialistas dispostas a tudo para ampliar seu alcance.
O mundo ocidental fez da nova verdade a sua religião e a ciência passou a se proteger no alpendre da igreja comteana.
Ora, com uma razão instrumental que apenas mudou de sujeitos é inexorável trazer à tona o justo desejo da paixão e de todas emoções capazes de iluminar o ser.
A fragmentação razão/emoção não se justifica sem causar constrangimento.
Precisamos desafiar as velhas formas de pensar e abrir espaço para a construção de outros diálogos, capazes de criar novas expectativas de vida.
A emoção não pode ficar sob o manto da irracionalidade, se a razão foi incapaz de recriar o ser humano.
É preciso tratar a paixão, o amor, a felicidade, a alegria, como partes intrínsecas do pensamento moderno e de uma nova cosmovisão.
*O autor é sociólogo.
Arte: Gilmal