Biden ‘joga a toalha’ e abre espaço para Kamala Harris
Presidente dos EUA anunciou que não buscará a reeleição. Ele vinha sofrendo pressões internas e dúvidas sobre sua capacidade cognitiva após um desempenho fraco em um debate.

Diamantino Junior
Publicado em: 21/07/2024 às 14:40 | Atualizado em: 21/07/2024 às 14:41
Em um movimento inesperado, o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, anunciou neste domingo (21/7) que não buscará a reeleição. Em comunicado publicado na plataforma X, Biden confirmou que continuará cumprindo seu mandato até janeiro de 2025. Com isso, a vice-presidente Kamala Harris ganha força para concorrer ao cargo contra Donald Trump nas eleições dos EUA.
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden.
A decisão de Biden vem após crescentes pressões dentro do Partido Democrata e entre parte do eleitorado.
A crise na campanha do presidente começou no fim de junho, quando ele teve um desempenho fraco em um debate contra Donald Trump.
Durante o debate, a capacidade cognitiva de Biden foi amplamente questionada.
Apesar das pressões, Biden inicialmente resistiu, concedendo entrevistas e reunindo-se com governadores democratas para negar alegações de declínio cognitivo e físico.
Ele reiterou diversas vezes que não desistiria e que estava confiante na vitória.
No entanto, os rumores de desistência aumentaram nos últimos dias, com figuras importantes do Partido Democrata expressando dúvidas sobre a candidatura de Biden.
O ex-presidente Barack Obama e a ex-líder da Câmara Nancy Pelosi demonstraram insegurança quanto às chances de Biden na eleição.
De acordo com a “CNN”, Pelosi teria dito a Biden que ele não venceria, enquanto Obama expressou receio sobre as chances do atual presidente.
Além disso, Biden foi diagnosticado com Covid-19 na quarta-feira (17/7) e teve que suspender eventos de campanha, entrando em isolamento em sua casa em Delaware.
Durante esse período, ele refletiu sobre sua candidatura, o que culminou na decisão de se retirar da corrida eleitoral.
O Partido Democrata ainda não anunciou quem será o novo candidato para enfrentar Donald Trump na eleição.
A Convenção Nacional Democrata, que oficializará o candidato do partido, está marcada para ocorrer entre 19 e 22 de agosto.
Debate gerou a crise
O desempenho de Biden no debate de junho, marcado por hesitações e falta de entusiasmo, foi apontado como o “início do fim” para sua campanha.
A idade e a aptidão de Biden para um novo mandato de quatro anos foram amplamente questionadas, gerando pânico entre os democratas.
A imprensa americana relatou o estado de pânico dentro do partido, com muitos membros preocupados com a capacidade de Biden para mais um mandato.
Após o debate, diversos veículos de comunicação, incluindo “The New York Times”, “The Wall Street Journal” e “The Economist”, publicaram editoriais pedindo para que Biden desistisse da candidatura. Embora houvesse relatos de que os democratas consideravam sua substituição, o apoio a ele permaneceu unânime por algum tempo.
Contudo, a pressão aumentou com declarações de políticos democratas e figuras importantes do partido, culminando na decisão do presidente de não buscar a reeleição.
Veja a íntegra do comunicado
Meus companheiros americanos,
Nos últimos três anos e meio fizemos grandes progressos como Nação.
Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para os idosos e na expansão dos cuidados de saúde acessíveis a um número recorde de americanos. Fornecemos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovou a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeada a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovou a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.
Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, povo americano. Juntos, superamos uma pandemia que ocorre uma vez num século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos a nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças em todo o mundo.
Falarei à Nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.
Por enquanto, deixe-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tanto para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo este trabalho. E deixe-me expressar o meu sincero agradecimento ao povo americano pela fé e confiança que depositou em mim.
Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer – quando fazemos isso juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América.
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Foto: redes sociais KamalaHarris