PF identifica artifícios que levaram à fraude na Americanas
Investigação apontou manobras que teriam levado a varejista ao rombo contábil de R$ 25,2 bilhões

Mariane Veiga
Publicado em: 29/06/2024 às 14:52 | Atualizado em: 29/06/2024 às 16:01
Uma investigação da Polícia Federal (PF) identificou cinco “artifícios fraudulentos” que teriam sido utilizados no escândalo na Americanas, cujo rombo contábil atingiu R$ 25,2 bilhões.
As práticas foram apontadas no relatório preparado pela PF que serviu de base para a Operação Disclosure, executada na quinta-feira (27).
Ela resultou em mandados de prisão e de buscas e apreensões contra ex-diretores da varejista.
Para apurar as manobras, a PF tomou como base a delação premiada de Marcelo da Silva Nunes, ex-diretor financeiro da companhia, e Flavia Pereira Carneiro Mota, ex-superintendente de Controladoria da empresa.
Entre as práticas, o relatório da investigação destaca a “Verba de Propaganda Cooperada”.
Segundo o Metrópoles, as cartas de “Verba de Propaganda Cooperada (VPC)” são amplamente utilizadas no mercado. Nesse caso, fornecedores concedem créditos aos varejistas por diversos motivos.
Isso pode ocorrer quando, por exemplo, o varejista (no caso, a Americanas) inclui produtos de algum fabricante em seus materiais veiculados em lojas ou na internet. Nesse caso, o varejista faz uma propaganda de itens do fornecedor e é recompensado por meio de uma VPC.
Do ponto de vista contábil, a emissão desse tipo de carta deveria ser considerada como um crédito para a Americanas. Seu valor poderia ser usado para abater dívidas com o fornecedor ou recebido como um depósito bancário, melhorando o resultado financeiro da varejista.
No entanto, conforme a investigação, criavam-se lançamentos contábeis fraudulentos, referentes a VPC inexistentes. O registro contábil era efetuado sem qualquer documentação de suporte.
Além disso, documentos falsos para amparar esses lançamentos contábeis eram criados, quando e se necessários, apenas para atender a uma eventual demanda de comprovantes feita pela auditoria externa.
Quando isso ocorria, uma solução era “criar e-mails dos fornecedores dando o ‘de acordo’ para verbas de VPC”.
Os delatores, porém, acreditam que os fornecedores “não tinham noção que os e-mails das cartas de VPC eram alterados”.
Com as cartas de VPC fajutas, diz a PF, os ex-diretores da Americanas obtinham os resultados financeiros almejados e atingiam números de desempenho condizentes com as expectativas do mercado.
Leia mais na reportagem de Carlos Rydlewski e Luiz Vassallo, do Metrópoles.
Foto: divulgação/PF