Bolívia: golpe militar contra Arce fracassa e chefe do Exército é preso

A prisão aconteceu horas após militares liderados por Juan Zúñiga invadirem a sede do governo

Mariane Veiga

Publicado em: 26/06/2024 às 21:17 | Atualizado em: 26/06/2024 às 23:50

O ex-comandante geral do Exército boliviano Juan José Zúñiga foi preso nesta quarta-feira (26) em La Paz, suspeito de tentar um golpe de Estado na Bolívia, segundo a imprensa local. 

A prisão aconteceu horas após militares liderados por Zúñiga invadirem a sede do governo para exigir “a mudança de gabinete”.

A tentativa de golpe, no entanto, fracassou após o presidente da Bolívia, Luis Arce, nomear três novos chefes para as Forças Armadas da Bolívia. Depois disso, os tanques se retiraram da Praça Murillo, e a polícia assumiu o controle do local.

A acusação de tentativa de golpe, aliás, não é a única contra o ex-comandante. Em 2014, ele se envolveu em um escândalo de corrupção e foi acusado de desviar 2,7 milhões de bolivianos (R$ 2,1 milhões, na cotação atual).

Denúncia

O presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou nesta quarta um golpe do Exército. Em publicação compartilhada no X, antigo Twitter, ele revelou que ocorriam “mobilizações irregulares” de militares, com tanques e tropas, estacionados em frente à sede do governo em La Paz, na Praça Murillo.

“Denunciamos as mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército Boliviano. A democracia deve ser respeitada”, escreveu o presidente em seu perfil na rede social.

Horas após a denúncia de tentativa de golpe, militares conseguiram invadir a sede do governo. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que Arce encontra o líder dos golpistas, Zúñiga.

Pouco depois, Luis Arce se manifestou oficialmente e convocou o “povo para defender a democracia”: “Hoje o país [Bolívia] enfrenta uma tentativa de golpe de Estado […] Estamos aqui na sede do governo nacional, com todos os ministros e ministras, firmes. Firmes para enfrentar toda a tentativa golpista, toda tentativa de golpe contra a nossa democracia. Necessitamos que o povo boliviano se organize e se mobilize contra o golpe de Estado, a favor da democracia”, disse Luis Arce em vídeo compartilhado pelas emissoras de TV locais e nas redes sociais.

Minutos depois do primeiro pronunciamento, o presidente saudou membros das Forças Armadas que “respeitam a Constituição” e deu posse a novos comandantes das forças militares do país.

“Ao povo boliviano que está nos acompanhando, hoje foi uma jornada atípica na vida de um país que quer democracia. Hoje estamos vivendo uma tentativa de golpe de Estado. Militares estão manchando o uniforme, atentando contra nossa Constituição, mas também contamos com militares que respeitam as normas vigentes. Saudamos aqueles militares que vestem o uniforme com orgulho e fazem valer forças armadas e sua função em um governo democraticamente eleito”, falou o mandatário.

Antes do discurso, ele nomeou José Wilson Sánchez Velasquez como novo comandante do Exército; Gerardo Zabala Alvarez, para a Força Aérea, e Renán Guardia Ramírez, como chefe da Marinha.

Segundo relatos publicados nas redes sociais, a população entrou em conflito com os militares durante a retirada.

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Foto: reprodução/Twitter (X)/Progressive International