Soltura de Assange é festejada como vitória da liberdade de imprensa
Julian Assange, fundador do Wikileaks, deve embarcar para a Austrália após um acordo judicial que encerrou 1.901 dias de prisão.

Diamantino Junior
Publicado em: 25/06/2024 às 18:14 | Atualizado em: 25/06/2024 às 18:14
A libertação do jornalista australiano Julian Assange, fundador da plataforma Wikileaks, foi amplamente celebrada por entidades defensoras da liberdade de imprensa e dos direitos humanos. Preso desde 2019 no Reino Unido, Assange chegou a um acordo que lhe permitiu deixar o país e, em breve, desembarcará na Austrália.
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que reúne mais de 500 entidades no Brasil, declarou que a libertação de Assange é uma vitória da mobilização internacional em defesa da liberdade de imprensa.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) destacou os 1.901 dias de prisão de Assange e considerou sua libertação um importante impulso para a liberdade de imprensa, evitando a criminalização das práticas jornalísticas e encorajando a partilha de informações confidenciais de interesse público.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também celebrou a libertação, mas lembrou que ainda há muitos jornalistas presos, processados e censurados pelo mundo.
A ABI, a FNDC e a Fenaj foram importantes articuladoras da campanha global pela libertação de Assange, junto com entidades internacionais como a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que classificou o processo contra Assange como “um dos mais exagerados da história”.
A FIJ ressaltou que mais de 500 jornalistas estão presos mundialmente e que a tentativa de acusação de Assange lançou uma sombra sobre a segurança dos jornalistas.
A Aliança Australiana da Mídia, do Entretenimento e das Artes (MEAA) celebrou a libertação e prepara uma recepção para a chegada de Assange ao seu país natal.
A Federação Europeia de Jornalistas (EFJ) também compartilhou a mensagem de celebração.
Assange se tornou conhecido em 2010 quando o Wikileaks publicou documentos sigilosos dos Estados Unidos, revelando violações de direitos humanos nas guerras do Afeganistão e Iraque. Desde então, ele se tornou alvo de investigações criminais nos EUA.
Recentemente, sob custódia na unidade de segurança máxima de Belmarsh em Londres, ele corria risco de extradição para os EUA. Essa possibilidade foi criticada pela campanha global, que argumentou que isso colocaria em risco jornalistas que publicassem informações de interesse público.
O Wikileaks anunciou a libertação de Assange na noite de segunda-feira (24/6) e divulgou vídeos dele deixando o país.
Antes de ir para a Austrália, ele precisará comparecer a um tribunal nas Ilhas Marianas, território dos EUA no Oceano Pacífico, onde se declarará culpado de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais.
Pelo acordo, 17 das 18 acusações serão retiradas, e será aplicada uma pena mínima, considerada já cumprida. A audiência deve ocorrer nesta quarta-feira (26).
A libertação de Assange também foi celebrada por líderes mundiais, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, e os presidentes da Colômbia, México e Bolívia.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em discurso ao parlamento, afirmou que o caso já se arrastava há tempo demais e que queria que Assange voltasse para casa, na Austrália.
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O Wikileaks permaneceu em evidência com novas revelações de documentos sigilosos, incluindo a espionagem do governo brasileiro em 2015 e e-mails da campanha de Hillary Clinton em 2016.
Assange foi acusado nos EUA com base na Lei de Espionagem, sendo o primeiro jornalista denunciado com base nesse dispositivo. Ele passou um período na Suécia, onde enfrentou acusações de estupro, posteriormente arquivadas, e obteve asilo diplomático na embaixada do Equador em Londres por quase sete anos. A mudança no governo equatoriano levou à sua prisão pela polícia britânica em 2019.
A libertação de Assange é vista como um triunfo para a liberdade de imprensa, mas a luta contra a criminalização do jornalismo continua.
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Foto: @WikiLeaks via Fotos Publicas