Antipático, projeto do aborto de Lira e bolsonaristas deve voltar à gaveta
Bancada evangélica e Arthur Lira adiam votação de projeto sobre aborto. Decisão visa evitar desgaste político antes das eleições.

Diamantino Junior
Publicado em: 17/06/2024 às 13:41 | Atualizado em: 17/06/2024 às 13:41
Em uma articulação política envolvendo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a bancada evangélica sinalizou que irá recuar da pressão por uma votação rápida do projeto que equipara o aborto ao crime de homicídio. Fontes próximas às negociações indicam que essa tendência já está consolidada nos bastidores e deverá ser confirmada na reunião de líderes prevista para ocorrer na terça-feira (18/6).
Arthur Lira, em um gesto de conciliação com a ala conservadora da Câmara, foi o principal articulador do acordo que permitiu a aprovação da urgência do projeto.
Este movimento contou com o aval até de partidos de esquerda, incluindo o PT, conforme reportado anteriormente.
No entanto, Lira comprometeu-se a postergar a apreciação do mérito do projeto, mantendo o assunto fora da pauta pelo menos até depois das eleições.
A urgência do projeto, aprovada com o aval velado do governo, gerou forte repercussão entre a base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Inicialmente, líderes do governo e do PT mantiveram-se em silêncio, respeitando o acordo estabelecido com Lira. Contudo, a pressão e as críticas intensas ao texto forçaram uma manifestação contrária à proposta.
A decisão de recuar na votação rápida do projeto parece ser uma estratégia calculada para evitar divisões mais profundas na base aliada e minimizar o desgaste político em um ano eleitoral.
Ao colocar o projeto na gaveta temporariamente, Arthur Lira e a bancada evangélica procuram equilibrar as demandas de seus apoiadores conservadores com a necessidade de manter a coesão entre os partidos de esquerda que compõem a base governista.
Se tudo correr conforme o planejado, a discussão sobre o projeto que equipara o aborto ao homicídio ficará adiada para um momento politicamente mais oportuno. Essa manobra reflete a complexidade e a sensibilidade do tema, que envolve profundas questões morais, religiosas e políticas.
A forma como essa situação evolui poderá ter implicações significativas para o cenário político futuro, especialmente em relação à capacidade de articulação e governabilidade de Arthur Lira e dos demais líderes envolvidos.
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Aguardam-se os desdobramentos das negociações e a confirmação das decisões na reunião de líderes da Câmara.
O recuo da bancada evangélica e a estratégia de Arthur Lira demonstram a dinâmica intrincada da política brasileira, onde acordos e negociações são essenciais para a viabilização de projetos e manutenção de alianças.
Com o projeto de lei do aborto temporariamente fora de cena, a Câmara dos Deputados segue sua agenda legislativa, enquanto os líderes políticos se preparam para os desafios das próximas eleições.
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Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados