A tradição materna das Antônias e Antônios Monteverde
Pouco se fala sobre a devoção da família do fundador a Santo Antônio

Mariane Veiga, por Dassuem Nogueira
Publicado em: 12/06/2024 às 20:23 | Atualizado em: 12/06/2024 às 20:29
É de conhecimento popular a devoção da família Monteverde com o São João. De uma promessa de mestre Lindolfo o Garantido nasceu. Como pagamento, o boi sai rodeando as fogueiras todo dia 24 de junho.
Mas, pouco se fala sobre a devoção da família do fundador a Santo Antônio.
Para ele, o boi reza uma ladainha e sai nas ruas, celebrando em uma só caminhada o Dia dos Namorados, no 12, e o santo casamenteiro, no dia 13 de junho.
Além dessa tradição, membros da família Monteverde seguem ainda outra devotada a Santo Antônio.
A tradição onomástica católica diz que a criança que nascer no dia de um santo popular deve ganhar o seu nome.
Ainda que não nasça no mesmo dia, essa tradição afirma que a criança batizada com um nome santo terá a sua proteção.
Desse modo, as crianças têm a atenção especial de seus padrinhos e madrinhas celestiais.
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Apenas um trecho da genealogia da família Monteverde lembra aquela do livro “Cem anos de solidão”, do colombiano Gabriel Garcia Márquez.
Assim como os Buendías, os Monteverdes têm mais de um século de muitas tradições populares. A onomástica com o santo casamenteiro é uma delas.
Dona Antônia Colares, esposa de Lindolfo, era devota do santo de seu nome. De sua união com o mestre, nasceram seis filhos: Maria do Carmo, João Batista, Raimunda, Antônia Alexandrina, Benedita e Reinaldo.
João Batista leva o nome do santo de devoção do pai. Ele o substituiu na função de amo do Garantido.
Antônia Alexandrina tem o nome de sua mãe e de sua vó paterna, mãe de Lindolfo, também conhecida como Xanda.
A baixa da Xanda é onde se assentaram os Monteverdes de Parintins. O lugar também é conhecido como baixa do São José, em referência a paróquia que demarca o bairro de mesmo nome.
E por isso, o Garantido também sai nas ruas na véspera do 1º de maio, Dia do Trabalho.
Para que o filho Reinaldo tivesse a proteção do santo de devoção da mãe, seus pais passaram a lhe chamar de Antônio e ele ficou conhecido por esse nome.
Netas de Lindolfo, nasceram no mesmo ano, a filha de seu Antônio e a filha de dona Mundicaia, como ficou conhecida dona Raimunda.
A sua filha se chama Maria Antônia. A de seu Antônio foi batizada como Antônia.
O neto de Antônia se chama Luiz Antônio. Luiz em homenagem ao avô paterno, Luiz Ramos, e Antônio em homenagem ao bisavô Monteverde.


A onomástica católica com o santo do dia 13 de junho permanece na família Monteverde como uma tradição herdada pela linhagem materna.
Dona Antônia Colares, esposa de Lindolfo, fundou uma longa tradição. Dela nasceram e viveram Antônias e Antônios, afilhados do santo de sua devoção.
Fotos: cedidas gentilmente por Ilmara Monteverde, mãe de Antônio