Um dia cinzento e chuvoso
No ciclo da vida humana, não é natural que vidas se acabem prematuras

Mariane Veiga, por Neuton Corrêa*
Publicado em: 28/05/2024 às 19:49 | Atualizado em: 29/05/2024 às 18:11
É terça-feira, 28 de maio de 2024. Nesta época do ano, por aqui, o céu começa a varrer as nuvens do inverno amazônico e a preparar a chegada dos dias de luzes do verão irradiante que costuma aparecer assim que as chuvas se vão.
Mas, a terça de hoje, em Manaus, que começou brilhante, agora está acizentada e molhada. São 15h45, a tarde chora.
Talvez a natureza esteja sentindo a presença de tempos sombrios. Sim, e atípicos!
No ciclo da vida humana, não é natural que vidas se acabem prematuras.
Ainda mais quando essas vidas tenham florescidas pelo belo do belo e pelo talento negado.
Coincidência trágica, irresignável, incompreensível. Tudo isso para quem fica, todavia, talvez, também, das vidas que se foram.
Acho que essa é a mensagem que ainda não se percebe. O triunfo da hipocrisia que esconde em suas mazelas. Hipocrisia que nega a realidade tão devastadora quanto presente na vida de hoje.
A natureza, inclusive a humana, é feita de ciclos que nem sempre se completam. Até porque também há solstício de inverno, quando a luz do dia é mais curta e a noite, mais longa.
Ainda assim, diria o poeta dos Estatutos do Homem, “faz escuro, mas eu canto”.
*O autor é jornalista.
Fotomontagem: BNC Amazonas