ZFM vai ser ‘case’ de estudo sobre baixa exportação

A Zona Franca de Manaus (ZFM) será tema de um estudo sobre sua baixa exportação, apesar da qualidade e sustentabilidade de seus produtos.

ZFM vai ser 'case' de estudo sobre baixa exportação

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 23/05/2024 às 17:45 | Atualizado em: 24/05/2024 às 08:40

A Zona Franca de Manaus (ZFM) poderá se transformar em um “case” de estudos sobre os motivos por que não consegue se destacar nas exportações de seus produtos.

De acordo com os indicadores da Superintendência da ZFM (Suframa), o polo industrial de Manaus exportou, em 2023, R$ 3,04 bilhões ou US$ 49,33 milhões.

Por outro lado, as importações, nesse período, somaram R$ 67,95 bilhões, o equivalente a US$ 13,32 bilhões.

Tal dificuldade ou barreira foi levantada, nesta quinta-feira (23), pelo presidente do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), o amazonense Márcio André Brito.

Dessa forma, a tese da ZFM não exportadora apareceu no “Diálogo com o setor produtivo”, ocorrido na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“A Zona Franca de Manaus fabrica os seus produtos com o menor índice de poluição, 96% de preservação da floresta e não consegue exportar da maneira como deveria”.

E prosseguiu:

“Esse é uma matéria nova, que vamos colocar em um ‘case’ para estudo, pois, os produtos da Zona Franca de Manaus não poluem, são sustentáveis. Portanto, têm qualidade, têm certificação. E por que que não se consegue colocar em outros países?”.

Certificação internacional

De acordo com a doutora em administração de empresas e professora-colaboradora da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Vera Thorstensen, a questão da ZFM passa pelo mesmo problema da produção brasileira, quando se trata de certificação de produtos relacionados ao meio ambiente.

“São as fontes de energia e elas não entram na certificação dos países ricos. As barreiras internacionais estão ligadas à esterilização do meio ambiente e o grande problema é como se mede a emissão [de gases de efeito estufa/carbono] de cada produto”.

Descarbonização

A professora da FGV disse ainda que, agora, não se está mais falando do setor agrícola, mas do setor industrial.

Por isso, essas regulações devem ser feitas pelos governos, no caso o Inmetro e outros órgãos, não somente pela iniciativa privada ou ongs (organizações não governamentais).

Por sua vez, Brito afirmou que a descarbonização e sustentabilidade dos produtos da indústria brasileira fazem toda a prospecção daquilo que está ocorrendo em termos de energias novas renováveis. E que o Inmetro também está voltado para essa questão.

Diálogo

Participaram do seminário, na Fiesp, 33 representantes do setor produtivo brasileiro, entre eles a Abraciclo, do polo de duas rodas, e Abinee, da indústria elétrica e eletrônica, ambos com empresas no polo industrial de Manaus. 

O objetivo do “Diálogo com o setor produtivo”, criado pelo Inmetro em 2023, é ouvir os segmentos para mapear as necessidades dos empresários e aproximar o Inmetro do setor, fortalecendo e impulsionando sua inserção no mercado internacional.

Acordo

Dessa reunião saíram resultados como, por exemplo, a unanimidade em torno do combate e fiscalização ostensiva ao e-commerce (comércio eletrônico).

Assim como a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre Inmetro e Fiesp.

Esse acordo é para consolidar uma antiga parceria de trabalho conjunto para aproximar o Inmetro do setor produtivo brasileiro, fortalecendo e impulsionando sua inserção no mercado internacional.

De outro modo, o propósito do acordo é facilitar a superação de barreiras técnicas que dificultam as exportações brasileiras e impactam a economia brasileira.

E-commerce

Diante das inúmeras reclamações dos empresários de setores como autopeças, vidro, têxtil, higiene e limpeza, eletroeletrônicos, que pediram mais fiscalização e controle regulatório do comércio eletrônico, via internet, o presidente do Inmetro disse que o instituto está empenhado nessa questão.

Brito disse que os recentes acordos de cooperação técnica com a Receita Federal, os Correios e até mesmo o Corpo de Bombeiros se juntam ao Inmetro para dar segurança jurídica, econômica ao setor produtivo brasileiro.

“Esses acordos, entre órgãos governamentais, estão dentro do nosso plano nacional de vigilância de mercado para fazemos maior controle e fiscalização não somente no e-commerce, mas também em todas as áreas da indústria e comércio brasileiro. No entanto, essa parceria com o setor produtivo, como estamos fazendo nesta reunião, é fundamental para que esse programa e suas ações tenham os resultados esperados”.

Fotos: Everton Amaro/Fiesp