Amazônia: gado apreendido em terra pública pode ser doado ao RS

Operação emergencial planejada pelo ICMBio e Adepará visa retirar gado ilegal da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará.

Amazônia: gado apreendido em terra pública pode ser doado ao RS

Diamantino Junior

Publicado em: 14/05/2024 às 13:03 | Atualizado em: 14/05/2024 às 22:18

Em resposta a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), o Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) e a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) informaram que a operação emergencial de retirada de gado criado de forma ilegal na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, em Novo Progresso (PA), deve iniciar na próxima semana. As instituições também estudam a possibilidade de destinar parte das cerca de 6 mil cabeças de gado presentes nos alvos como doação para a população afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul (RS).

O retorno foi dado nesta sexta-feira (10/5), em reunião on-line agendada pelo MPF com o objetivo de agilizar as tratativas para a resolução da atividade ilegal exercida na Flona e da destruição ambiental que ela vem causando no local.

Além de apresentar o planejamento da operação, o ICMbio destacou que já conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública para realizar a operação.

Em seguida, mencionou que após a retirada e o beneficiamento da carne, o material pode ser doado para a população gaúcha, o que teve a concordância da Adepará.

Após a resposta positiva das instituições, o MPF reforçou a necessidade de autuação e multa para os casos em que ficar evidenciada fraude sanitária, medida importante para posterior responsabilização nas esferas cível e criminal em relação à prática da “lavagem de gado”.

O levantamento dessas e outras informações deve ser enviado ao MPF, no final da operação, para subsidiar e contribuir com o direcionamento do trabalho da instituição.

Recomendação do MPF

O documento foi expedido na última segunda-feira (6/5) e encaminhado ao presidente do ICMBio, ao diretor da Adepará, ao diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ao ministro da Justiça e Segurança Pública.

Além de outras providências, o MPF recomendou que: as estruturas relacionadas à atividade de criação ilegal de gado devem ser demolidas; os produtos e instrumentos utilizados para os crimes devem ser apreendidos, destruídos ou inutilizados; durante pelo menos seis meses, deve ser mantida uma base de fiscalização na Flona; a Adepará deve compartilhar dados informacionais com o ICMbio, apoiar a vacinação do gado, bloquear todos os registros, Guias de Trânsito Animal (GTAs) e autorizações de atividades relacionadas à criação de gado em áreas embargadas na Flona, além de outras medidas.

Sobre a floresta

A Flona do Jamanxim é uma das Unidades de Conservação mais desmatadas no país. Desde a sua criação, em 2006, uma área equivalente a 115 mil campos de futebol virou pastagem ilegal na floresta, aponta o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Também segundo dados do ICMBio, há cerca de 100 mil cabeças de gado na Flona do Jamanxim e em outras duas outras Flonas próximas a ela (Crepori e Itaituba II).

Aproximadamente 85% das vendas são de animais criados na Flona do Jamanxim.

*Com informações do MPF

Foto: Digue Cardoso/Prefeitura de São Leopoldo