Lula também age como ‘covardão’ em relação a Manaus
Na ocasião, ele fazia alusão ao fato de o direitista não ter levado a cabo o plano de dar golpe de Estado

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 27/03/2024 às 19:57 | Atualizado em: 28/03/2024 às 08:38
Há dez dias, o presidente da República, Lula da Silva (PT) chamou seu antecessor Jair Bolsonaro (PL) de “covardão”.
Na ocasião, ele fazia alusão ao fato de o direitista não ter levado a cabo o plano de dar golpe de Estado.
Mas, entendendo o sentido de covarde como característica daquele que teme alguém ou alguma coisa, pode-se dizer que Lula também é um covardão.
Esse adjetivo lhe cabe em relação a Manaus. Isso porque, claramente, depois de eleito, ele deu as costas para a cidade.
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Troco a Manaus bolsonarista?
O comportamento do petista pode estar ligado ao resultado das eleições de 2022.
Nesse pleito ele perdeu na capital do Amazonas para Bolsonaro por 53,5% a 37%, no primeiro turno. No segundo, foi pior: 61,2% a 38,7%.
Se essa é a explicação de seu sumiço de Manaus, talvez isso explique também porque, em sua vinda ao Amazonas, no ano passado, ele escolheu Parintins.
No município, Lula venceu Bolsonaro com uma surra eleitoral no segundo turno: 82,5% a 17,4%.
Agora, contudo, fica ainda mais claro que Lula evita Manaus por ter sido derrotado.
Tanto que, nesta semana, mais uma vez o presidente esteve na Amazônia e, de novo, preteriu a capital do Amazonas.
Lula apresentou parte da Amazônia ao colega francês Emmanuel Macron a partir de Belém, a capital paraense e sede no Brasil da conferência mundial do clima e meio ambiente em 2025.
Dessa maneira, Lula já fez cinco viagens ao Pará neste mandato. Ao Amazonas, apenas uma.
Só no ano passado, ele foi duas vezes seguidas a Belém, em junho e agosto.
Comparando o aspecto eleitoral, a capital paraense na eleição passada lhe deu uma magra vitória de 50% a 49%.
E o prestígio ao estado da família Barbalho não para aqui. Lula já marcou retorno ao destino que escolheu como sede da COP-30.
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Território livre ao bolsonarismo
Nada contra a decisão do petista. Mas, se a ideia é punir a cidade que não lhe deu a maioria dos votos no pleito passado, a medida constitui-se em covardia de ação para reconquista de território.
Sim! Reconquistar.
Lula não tem do que se queixar de Manaus. Em 2002, quando se elegeu presidente pela primeira vez, a cidade lhe deu vitória.
Em 2006, em sua reeleição, o Amazonas lhe deu quase 80% dos votos. Para ser exato: 78%.
Agindo assim, sua covardia permitirá o domínio total da direita, do bolsonarismo e de Bolsonaro.
O mesmo que, em quatro anos na Presidência, deixou como legado no Amazonas apenas uma pinguela.
Sem falar que tentou por quatro anos acabar com a Zona Franca de Manaus (ZFM).
Quem já ousou no passado não pode se acovardar ante uma derrota eleitoral.
Não é esse o Lula que o Amazonas e Manaus conhecem.
Ilustração: Gilmal