Como polícia do Rio sabotou PF até chegar a mandantes do caso Marielle

Descubra os bastidores da investigação da Polícia Federal que identificou os mandantes do caso Marielle e Anderson, revelando o desafio enfrentado pelos investigadores e a importância das delações para desvendar o crime.

Polícia Federal entra na investigação do crime de Marielle Franco

Diamantino Junior

Publicado em: 26/03/2024 às 11:12 | Atualizado em: 26/03/2024 às 11:14

Nos bastidores da complexa investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) para identificar os mandantes por trás do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, uma narrativa de desafios, sabotagens e busca por evidências se desenrola.

Desde o início, os investigadores enfrentaram um verdadeiro “deserto de provas”, resultado de uma sabotagem perpetrada por membros da própria equipe responsável pelas primeiras diligências após os assassinatos ocorridos em 14 de março de 2018.

Ao assumir o caso, a PF compreendeu que precisaria recorrer a delações como ponto de partida, buscando corroborar essas informações com outros indícios.

A obtenção da delação de um dos envolvidos, Lessa, foi considerada uma conquista significativa, dadas as dificuldades internas enfrentadas dentro da corporação.

Nos meandros dessa investigação permeada por interferências e um contexto adverso, a Polícia Federal reconhece que há um volume considerável de evidências relacionadas à execução do crime.

No entanto, quando se trata da identificação dos mandantes, a situação se torna mais nebulosa, com menos provas disponíveis.

A corporação ressalta que, após tanto tempo decorrido e com o primeiro ano de investigações comprometido pela sabotagem, encontrar evidências concretas tornou-se ainda mais desafiador.

É importante considerar que, ao longo de seis anos desde o crime, os responsáveis tiveram tempo suficiente para eliminar rastros e destruir evidências incriminatórias. Mesmo diante desse cenário, os indícios trazidos por Lessa são descritos como verossímeis e coerentes, contribuindo para a compreensão do contexto do crime.

A analogia de um quebra-cabeça com 10 mil peças é utilizada para ilustrar a complexidade da investigação. Muitas dessas peças estão faltando, algumas deliberadamente destruídas, mas a imagem final começa a se formar.

Mesmo sem todas as peças sobre a mesa, a PF afirma que a imagem do quebra-cabeça, neste caso, tornou-se visível o suficiente para traçar conclusões.

Quanto à motivação por trás do crime, os investigadores reconhecem a complexidade de entender o papel que Marielle desempenhava na época. Ela era uma figura em ascensão na política, mas ainda não alcançara a notoriedade que adquiriu após sua morte, tornando a busca por motivações específicas um desafio adicional.

Em resumo, os bastidores dessa investigação revelam um esforço hercúleo da Polícia Federal para superar obstáculos internos e externos, buscar a verdade e fazer justiça a Marielle Franco, transformada em símbolo não apenas de luta política, mas também de resistência e inspiração para muitos.

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Foto: Reprodução/Facebook