Cai desmatamento no Amazonas, mas situação no sul é crítica
Entre os nove estados da Amazônia Legal, somente o Maranhão e Roraima registram aumento nas taxas de desmatamento

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 18/03/2024 às 12:30 | Atualizado em: 18/03/2024 às 12:30
No primeiro bimestre deste ano, o Amazonas registrou uma devastação de 31 km² de florestas, uma queda de 59% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram destruídos 76 km².
Em janeiro, foram derrubados no estado 5 km² e, em fevereiro, 26 km², sendo o terceiro com maior área desmatada, 16% do total de área desmatada nos nove estados da Amazônia Legal.
Entre os estados da região, Mato Grosso (32%) lidera a lista com maior área desmatada, seguido de Roraima (30%).
Junto com o Amazonas, os três somam 152 km² de florestas derrubadas, 77% de toda a destruição detectada na Amazônia.
De acordo com os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta segunda-feira (18), a situação nos municípios do Sul do estado ainda é crítica.
No Amazonas, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a expansão do desmatamento nos assentamentos.
Em janeiro, apenas o PA Rio Juma integrou a lista dos 10 com a maior área derrubada, em quinto lugar.
Em fevereiro, esse território assumiu a liderança do ranking e mais três amazonenses passaram a integrar a lista: PA Acari, PAE Lago do Acará e PAE Antimary, em segundo, terceiro e sexto lugares, respectivamente.
Em Roraima, a derrubada tem avançado inclusive dentro de terras indígenas. Em janeiro, metade dos territórios dos povos originários entre os 10 com maior desmatamento ficavam no estado.
Em fevereiro, quatro estavam em solo roraimense. Foram oito territórios diferentes nos rankings, sendo três deles com presença em ambos os meses: Yanomami, Manoá-Pium e Raposa Serra do Sol.
A pesquisador do Imazon Larissa Amorim afirma que os três estados apresentaram redução no desmatamento se compararmos este bimestre com o mesmo período do ano passado, com quedas de 74% em Mato Grosso, 59% no Amazonas e 3% em Roraima.
“Porém, para sair do topo do ranking, precisam intensificar suas ações de combate à derrubada nas áreas críticas e criar mais incentivos para a economia com a floresta em pé”, defende a pesquisadora.
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Dados
Em toda a Amazônia Legal, a devastação na região alcançou 196 km², 63% a menos do que nos meses de janeiro e fevereiro do ano passado, quando foram destruídos 523 km².
Isso significa a menor derrubada de florestas dos últimos seis anos, ou seja, desde 2018.
Entre os nove estados da Amazônia Legal, somente o Maranhão e Roraima registram aumento nas taxas de desmatamento.
Em nota, o Instituto revela que em fevereiro houve o registro do 11º mês consecutivo de redução.
“Apesar da boa notícia, o primeiro bimestre de 2024 ainda apresentou um desmatamento acima do registrado no mesmo período entre os anos de 2008 (quando o instituto implantou seu monitoramento por imagens de satélite) a 2017, com exceção apenas de 2015. Em todos os outros anos, a derrubada permaneceu abaixo dos 150 km²”, diz um trecho da nota.
Larissa afirma que há um grande desafio pela frente, uma vez que a meta do governo é de desmatamento zero até 2030.
“Para isso, uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, afirma Larissa.
Foto: divulgação/Greenpeace