Brigadeiro entrega: Torres dava apoio jurídico a Bolsonaro no plano de golpe
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante da Aeronáutica implicou Anderson Torres na investigação sobre tentativa de golpe de Estado.

Diamantino Junior
Publicado em: 12/03/2024 às 11:49 | Atualizado em: 12/03/2024 às 11:49
O ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, complicou ainda mais a situação de Anderson Torres na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o brigadeiro afirmou que o ex-ministro da Justiça fornecia embasamento jurídico para que Jair Bolsonaro decretasse um estado de defesa ou de sítio.
O depoimento do militar durou cerca de dez horas e precedeu a oitiva do ex-comandante do Exército, Freire Gomes, que foi interrogado no início do mês pelos investigadores.
As declarações de ambos, como testemunhas no inquérito sobre o plano golpista, foram repassadas ao ex-ajudante da Presidência e agora delator, Mauro Cid, que foi interrogado nesta segunda-feira (11/3).
A Polícia Federal chamou a atenção para o fato de que a expressão “estado de defesa” constava na minuta golpista encontrada, no ano passado, no armário de Torres, durante uma operação de busca e apreensão em sua residência.
Leia mais
Golpistas de Bolsonaro pedem de joelhos um HC, mas Marques nega
Esta medida está prevista na Constituição como um regime excepcional que pode ser utilizado pelo presidente da República para preservar ou restabelecer a ordem pública ou a paz social imediatamente. No entanto, o estado de defesa possui restrições geográficas e precisa ter sua validade aprovada pelo Congresso.
Em seu depoimento à PF, o ex-comandante também confirmou sua presença na reunião em que Bolsonaro discutiu uma minuta golpista com os chefes das Forças Armadas, mas ressaltou que se opôs à medida.
O brigadeiro foi enfático ao afirmar aos delegados que não houve fraude nas eleições e destacou que sua base são as conclusões do relatório militar sobre as urnas na comissão de transparência da Justiça Eleitoral.
Baptista Junior informou aos investigadores que comunicou ao então presidente Bolsonaro que não houve fraude no pleito.
Para a PF, o depoimento do brigadeiro sugere que, mesmo após ter informações seguras sobre a integridade das urnas, o ex-presidente persistiu na tese da fraude para justificar o plano de golpe.
Leia mais no O Globo
Foto: José Cruz/Agência Brasil