Amazonas sem participação feminina no Congresso há cinco anos
As últimas parlamentares foram a senadora Vanessa Grazziotin e a deputada Conceição Sampaio

Neuton Corrêa e Antônio Paulo , da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 08/03/2024 às 18:25 | Atualizado em: 08/03/2024 às 20:39
O Amazonas está sem representação feminina no Congresso Nacional há cinco anos. As últimas parlamentares a representar o estado foram a senadora Vanessa Grazziotin e a deputada Conceição Sampaio.
Elas não foram reeleitas e, portanto, encerraram o mandato em 31 de janeiro de 2019.
Porém, essa lacuna da participação das mulheres amazonenses no parlamento brasileiro não é de agora.
Desde a Constituição de 1946, considerada o marco da primeira experiência democrática do Brasil, a chamada “Quarta República”, o Amazonas contou apenas com três senadoras e sete deputadas federais.
Primeira mulher a assumir uma cadeira no Senado da República, pelo voto, a ex-senadora Eunice Michiles expunha o nível que se diferenciavam homens e mulheres no Brasil de 1979.
Esse era o Brasil que se podia ver pelo mundo das leis. “O Código Civil nos coloca ao nível do índio, da criança e do débil mental”, disse ela.
Em seu discurso do dia 31 de maio daquele ano, precedida de recepções de falas ornadas de galanteios em poesias e até de entrega de um cesto de rosas, Eunice mostrava o que significava para ela estar ali, em uma casa até então, e até hoje, dominada por eles.
“Vou procurar trazer a óptica feminina à análise dos problemas brasileiros. A mãe e dona de casa, que tem uma experiência milenar e procura um espaço maior de participação, deseja ser ouvida”, registra a história do Senado.
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Vazio
Neste dia 8 de março de 2024, a estreia de Eunice e da mulher no Senado serve para sacudir a sociedade amazonense.
A memória faz-nos lembrar que já se vão 45 anos da vanguarda protagonizada pelo Amazonas no Congresso, na política e na cultura da sociedade nacional.
Ao mesmo tempo, faz-nos olhar e ver o vazio de representação feminina que o estado tem hoje na Câmara e no Senado.
Para se ter ideia, nossas últimas representantes no Congresso foram a senadora Vanessa Grazziotin e a deputada federal Conceição Sampaio.
Lá se vão cinco anos que o Amazonas perdeu a voz de uma mulher em Brasília.
Não perdeu somente a voz. Perdeu também o que Eunice chamou de óptica feminina. Assim sendo, a sociedade amazonense, neste momento, está muda e cega.
Juntando-se à sociedade nacional, em um parlamento ainda dominado pelos homens, recusa-se também a ser débil mental.
Bancada
Depois de deixar o Senado, em 1987, Eunice foi eleita deputada federal constituinte, juntamente com as companheiras Beth Azize e Sadie Hauache.
Anos mais tarde, o Amazonas também elegeu a juíza Alzira Ewerton, Vanessa Grazziotin, Rebecca Garcia e Conceição Sampaio.
No Senado, depois de Eunice, vieram Vanessa e Sandra Braga, mulher do senador Eduardo Braga.
Eleita primeira-suplente em 2010, Sandra assumiu o mandato em 2015, quando o marido foi alçado ministro de Minas e Energia no governo Dilma Rousseff.
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Atualidade
Na atual legislatura (2023-2026), são 91 deputadas federais entre os 513 parlamentares ou apenas 17% da Câmara dos Deputados.
Da mesma forma, no Senado, são apenas 15 senadoras dentre os 81 membros da casa.
Saindo do planalto central e caindo na planície do Amazonas, também é baixo o índice mulheres no parlamento estadual.
Atualmente são cinco mulheres com mandatos na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).
São as deputadas Therezinha Ruiz (PSDB); Joana Darc (PL); Nejmi Aziz (PSD); Dra. Mayara Pinheiro (Progressistas) e Alessandra Campelo (MDB), que representam 20% dos assentos.

Assim como na Câmara Municipal de Manaus. Dos 41 vereadores, somente quatro compõem a bancada feminina: Professora Jacqueline (União Brasil), Glória Carratte (PL), Thaysa Lippy (PP) e Yomara Lins (PRTB).
Foto: Divulgação