Bolsonarismo se apropriando da bandeira de Israel preocupa judaicos

Bandeiras de Israel na manifestação bolsonarista causam preocupações entre entidades judaicas no Brasil, que alertam para a distorção do símbolo e suas implicações políticas.

Diamantino Junior

Publicado em: 28/02/2024 às 11:15 | Atualizado em: 28/02/2024 às 11:15

A presença de bandeiras de Israel na manifestação bolsonarista do último domingo (25/2) na Avenida Paulista gerou reações diversas.

Entidades judaicas no Brasil expressaram preocupação com a apropriação do símbolo por parte da extrema-direita, que o utiliza para promover uma visão distorcida de Israel como um país “conservador, branco e cristão”.

O Instituto Brasil-Israel, em nota, condenou a “instrumentalização da imagem de Israel” por grupos bolsonaristas.

Essa visão, segundo a entidade, ignora a realidade complexa e multicultural da sociedade israelense, marcada por “rachaduras internas” e “profundas feridas” causadas pela guerra.

Especialistas alertam que a utilização das bandeiras por bolsonaristas tem pouco a ver com o apoio à comunidade judaica brasileira e mais com a agenda política da extrema-direita.

O movimento Judeus Pela Democracia aponta para a influência da doutrina religiosa evangélica, que defende um “Israel bíblico” e se aproxima da “visão belicista e conservadora” do país.

As bandeiras também são usadas como símbolo de oposição ao governo Lula e à esquerda, que por sua vez, exibe bandeiras da Palestina em suas manifestações.

Essa polarização, intensificada pelo debate sobre o conflito no Oriente Médio, tende a se aprofundar no cenário político brasileiro.

A comunidade judaica brasileira, por sua vez, é plural e diversa, composta por pessoas de diferentes origens, classes sociais e posicionamentos políticos.

A apropriação da bandeira de Israel por bolsonaristas não representa a comunidade como um todo, e as reações a esse gesto variam muito entre seus membros.

O uso indevido do símbolo israelense por grupos antidemocráticos é lamentável e evidencia a necessidade de combater a desinformação e o discurso de ódio. É fundamental reconhecer a complexidade da sociedade israelense e evitar a instrumentalização de símbolos para fins políticos distorcidos.

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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado