Estudo faz alerta mundial: BR-319 pode provocar pandemias
Pesquisadores alertam que o asfaltamento da BR-319 na Amazônia pode acelerar a perda da biodiversidade e aumentar o risco de doenças zoonóticas.

Diamantino Junior
Publicado em: 22/02/2024 às 09:24 | Atualizado em: 22/02/2024 às 09:25
Um novo parecer científico, publicado na revista “Nature”, argumenta pela reversão das medidas recentes tomadas pelo governo federal brasileiro, que visam pavimentar a BR-319, uma rodovia que atravessa a Floresta Amazônica, conectando Manaus a Porto Velho. Os pesquisadores alertam que o asfaltamento desse trecho pode ter sérias consequências ambientais e de saúde pública.
A rodovia, construída durante a ditadura militar nos anos 1970 e posteriormente abandonada, costuma ficar intransitável durante a estação chuvosa. No entanto, o governo federal recentemente anunciou planos para pavimentar o trecho, gerando controvérsia e preocupação entre os cientistas.
Os pesquisadores Lucas Ferrante e Guilherme Becker, autores do estudo, destacam que o asfaltamento da BR-319 poderia acelerar a perda da biodiversidade na região e aumentar o risco de doenças zoonóticas, que são transmitidas de animais para humanos e podem desencadear pandemias.
Ferrante ressalta que a Floresta Amazônica é um importante reservatório de patógenos e que o asfaltamento da rodovia poderia aumentar tanto o desmatamento quanto a mobilidade humana na região, criando condições favoráveis para o surgimento de novas doenças.
Além das preocupações ambientais e de saúde, os pesquisadores também apontam que a pavimentação da BR-319 visa facilitar o acesso a áreas de exploração de petróleo e gás na região amazônica. Eles alertam que as recentes flexibilizações no licenciamento ambiental da obra e o uso de verbas do Fundo Amazônico podem comprometer ainda mais a proteção da floresta tropical.
Leia mais
Secretário diz que é compromisso de Lula asfaltar a BR-319
Diante desses argumentos, os pesquisadores defendem que o governo federal reconsidere seus planos de pavimentação da BR-319 e adote medidas para proteger a Amazônia, suspendendo as licenças de instalação e manutenção da rodovia.
Eles enfatizam a importância de ações concretas para evitar danos irreversíveis à região e criticam o que consideram ser uma contradição entre o discurso ambiental do governo e suas políticas de infraestrutura na Amazônia.
Leia mais no O Globo
Foto: divulgação