8 de janeiro: militares temem que ato reacenda críticas a eles
O ato convocado por Lula, em memória do 8 de janeiro, gera apreensão nas Forças Armadas.

Diamantino Junior
Publicado em: 07/01/2024 às 15:04 | Atualizado em: 07/01/2024 às 15:06
A convocação feita pelo presidente Lula para um ato em memória aos acontecimentos de 8 de janeiro preocupa oficiais militares, que temem que a cerimônia reacenda críticas à relação das Forças Armadas com o ex-presidente Bolsonaro.
Atuais comandantes expressaram sua inquietação, levando a questionamentos sobre a necessidade de sua participação no evento, agendado para segunda-feira (08/1) no Senado Federal. O ato, chamado “Democracia Inabalada”, está previsto para reunir cerca de 500 convidados, incluindo ministros de Estado, governadores e líderes do Judiciário.
A superação desse impasse não elimina o temor de que o evento possa reabrir feridas entre militares e governo, revivendo o clima de tensão de um ano atrás.
Oficiais, falando sob reserva, expressaram temores de que o evento leve a uma reavaliação da postura dos militares em relação ao governo Bolsonaro e aos incidentes ocorridos após a eleição de Lula.
A atual gestão das Forças Armadas questionou o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sobre a necessidade de participação na cerimônia no Senado Federal.
Os comandantes argumentaram que o ato terá caráter político, sugerindo que Múcio os represente. O ministro destacou a importância da presença dos comandantes, enfatizando o convite conjunto de Lula, Rodrigo Pacheco e Luís Roberto Barroso.
As preocupações dos militares vão além do evento em si.
Há receios sobre uma possível reação de militares da reserva e o ressurgimento de movimentos como o Sem Anistia, que exige punições para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, inclusive militares.
Além disso, há apreensões quanto a propostas no Congresso que buscam alterar atribuições militares e modificar o artigo 142 da Constituição.
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As investigações sobre os ataques de 8 de janeiro ainda não responsabilizaram altos oficiais das Forças Armadas, mesmo considerando, por parte do Executivo e do Judiciário, que foram, no mínimo, omissos.
O Exército anunciou punições a dois militares, mas não detalhou as condutas ou penalidades, gerando incertezas sobre a responsabilização efetiva.
O temor persiste de que o ato político propague tensões entre militares e governo, destacando a complexidade das relações entre as Forças Armadas e a atual administração. Enquanto a cerimônia se aproxima, a incerteza sobre seu impacto político e militar permanece.
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Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República