A pedido da PGR, governador do Acre pode perder cargo por fraudes

O afastamento é por conta das acusações de liderar um esquema de fraude em contratos públicos no Acre.

Diamantino Junior

Publicado em: 30/11/2023 às 12:28 | Atualizado em: 30/11/2023 às 12:28

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), enfrenta uma séria crise depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Superior Tribunal de Justiça (STF) o seu imediato afastamento do cargo. A denúncia apresentada pela PGR na terça-feira (28/11) acusa Cameli e outras 12 pessoas de crimes como peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão final sobre o afastamento ficará a cargo da ministra Nancy Andrighi.

A denúncia da PGR, contida em um extenso documento de 175 páginas, alega que desde 2019, Gladson Cameli lidera um esquema de fraude em licitações. Pelo menos oito contratos firmados nos últimos anos pelo governo do Acre estão sob suspeita, apontando para um prejuízo estimado de R$ 150 milhões. O esquema teria começado em 2019 com um contrato de manutenção predial de R$ 24,3 milhões.

A PGR destaca que, um dia após a assinatura desse contrato milionário, a empresa de engenharia responsável teria contratado, de forma velada, a empresa do irmão do governador, Gledson Cameli, que não possuía atividade no estado.

Esta, por sua vez, teria recebido benefícios advindos da execução do contrato com o governo estadual. O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, afirma que Gledson Cameli, em acordo com sócios e outros coautores, teria se beneficiado com R$ 4,4 milhões provenientes desse esquema.

A denúncia também aponta sobrepreço, superfaturamento e participação de outros agentes públicos no esquema, incluindo o secretário de Infraestrutura, Thiago Rodrigues Gonçalves Caetano.

Durante a investigação, foram identificadas nove transferências de valores entre a construtora contratada e a empresa do irmão do governador, totalizando R$ 1,6 milhão.

Gladson Cameli, que foi reeleito governador do Acre em 2022, mantém sua confiança na Justiça e está à disposição para esclarecimentos, como afirmou em nota.

Ele se encontra em Dubai, integrando uma comitiva do governo do Acre para a COP 28. As acusações envolvendo desvios de recursos públicos, financiamentos de luxos e propina tornam o caso ainda mais complexo e podem impactar significativamente a estabilidade política na região.

A situação continua evoluindo, e a resposta do STJ será decisiva para o futuro político de Gladson Cameli.

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Foto: Secom Acre