PEC do STF: voto do líder de Lula contra Supremo cria racha no governo

Um ministro de Lula qualificou Jaques como 'o grande algoz' da votação

Ferreira Gabriel

Publicado em: 23/11/2023 às 19:48 | Atualizado em: 23/11/2023 às 19:48

O voto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner, a favor da PEC que limita o poder do Supremo Tribunal Federal (STF), pegou ministros de surpresa e provocou um racha na liderança do governo.

Um ministro de Lula qualificou Jaques como “o grande algoz” da votação. “Se tivesse sido jogo combinado, tudo bem, mas não foi. Ninguém entendeu nada.”

A matéria foi aprovada com 52 votos favoráveis, três a mais do que o necessário. À exceção de Jaques, todos os petistas votaram contra a proposta.

O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) trabalhou intensamente nos últimos dias para barrar a proposta, mas a posição de Jaques foi decisiva para a aprovação da matéria.

A avaliação entre os parlamentares governistas é que a postura de Jaques arrematou até cinco votos favoráveis de senadores do PSD, entre eles de Otto Alencar (BA), Mara Gabrilli (SP) e Angelo Coronel (BA).

Houve casos de senadores que estavam propensos a votar contra a matéria, mas não compareceram à sessão, como Omar Aziz (AM). O partido do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, que tem a maior bancada, rachou durante a votação.

Pacheco e seu aliado, Davi Alcolumbre (União-AP) fazem movimentos para obter apoio da oposição e foram os patrocinadores da PEC que limita os poderes do Supremo.

Uma situação que exemplifica a falta de coordenação do governo envolve o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que se exonerou do cargo só para votar a PEC. Fávaro votou “não” nos dois turnos, enquanto o líder do governo votava “sim”.

A posição de Jaques surpreendeu até mesmo ministros palacianos. Ministros do Supremo também relataram que foram pegos de surpresa. Um magistrado avalia que pode ser um ponto de inflexão na relação do STF com o governo Lula.

Nesta terça-feira (21), Rodrigo Pacheco acreditava que teria votos para aprovar a PEC, mas o ambiente foi mudando ao longo do dia após ministros do Supremo entrarem em campo com telefonemas para os senadores.

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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado